Bem-Estar Corporativo

Síndrome de Boreout: o que é e como combatê-la em sua empresa

Última alteração 9 de dez. de 2024
Tempo de leitura: 10 minutos
A Síndrome de Boreout pode afetar colaboradores que se sentem desestimulados ou entediados com suas tarefas no trabalho. Saiba como preveni-la e combatê-la.

Com os avanços tecnológicos e todas as facilidades advindas da automação de tarefas no mundo profissional, algumas funções podem se tornar entediantes, monótonas e nada estimulantes no trabalho. Em outros casos, o colaborador já não se sente desafiado ou engajado o suficiente com sua função atual, levando a um sentimento de desvalorização profissional.

Casos de constante desmotivação e monotonia podem resultar no que chamamos de Síndrome de Boreout, um fenômeno que deve ser compreendido como uma forma de tédio crônico no trabalho, mas que pode ter repercussões graves para o bem-estar de uma pessoa dentro e fora do ambiente profissional. Afinal, isso não só afeta o próprio desempenho e satisfação dos membros da equipe, mas também pode se desdobrar em problemas de saúde emocional.

Descubra a seguir o que é a Síndrome de Boreout, veja quais são suas principais causas, aprenda como identificá-la e confira dicas para evitar esse problema com sua força de trabalho.

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O que é Síndrome de Boreout?

O termo boreout vem do inglês bored, que significa "entediado" e, nesse contexto, a palavra remete a tédio extremo. A Síndrome de Boreout é um sentimento profundo e contínuo de falta de motivação para o trabalho, que se manifesta como tédio e apatia. 

Podemos entendê-la como um padrão de enfado e desgosto crônicos no ambiente profissional, em que colaboradores estão constantemente entediados e insatisfeitos devido à sensação de que são subutilizados e de que suas tarefas não são desafiadoras ou estimulantes o suficiente.

A Síndrome de Boreout está diretamente associada ao estresse e à ansiedade profunda que o sentimento de desvalorização profissional pode provocar. Segundo o Panorama do Bem-Estar Corporativo 2024, o nível de estímulo intelectual das atividades no trabalho afeta a produtividade de 93% dos profissionais. Por isso, é importante que o RH, em conjunto com as lideranças e com profissionais de saúde e segurança ocupacional, sejam capazes de identificar os sinais desse problema e tratá-lo em tempo hábil.

O distúrbio não é nenhuma novidade e já está em pauta no mundo profissional há alguns anos, pois pode provocar a perda de talentos e o rompimento de processos produtivos.  O termo foi usado pela primeira vez em 2007 no livro Boreout: Overcoming Work Demotivation (em tradução livre, Boreout: Superando a Desmotivação no Trabalho). Em geral, o boreout ocorre quando os sintomas da falta de estímulo profissional sobrecarregam as pessoas de estresse, frustração e ansiedade por um longo período.

Diferença entre boreout e burnout

Se, por um lado, o estresse excessivo e a sobrecarga de trabalho podem provocar o esgotamento físico e mental na Síndrome de Burnout, a Síndrome de Boreout tem mais a ver com a falta de estímulos no trabalho, com o sentimento de desvalorização e com o tédio permanente. Boreout implica uma situação de tédio máximo. 

No entanto, é importante destacar que, não importa em qual extremo um colaborador tenha problemas, ambos os distúrbios são muito prejudiciais tanto à sua saúde física quanto à emocional.

Plano de combate ao Burnout.png

Principais causas da Síndrome de Boreout

Além da falta de estímulo intelectual, resultando em tédio e apatia, o boreout pode ser provocado por qualquer situação que leve a um desequilíbrio entre as expectativas dos colaboradores em relação ao seu trabalho e às suas necessidades reais. Não é uma questão de falta de atividades, mas sim da ausência de desafios e estímulos, o que contribui para a frustração e insatisfação.

Nesse sentido, há diversos cenários que podem levar a isso, estejam esses isolados ou em conjunto. Alguns deles são:

  • Desacordo entre a descrição das responsabilidades do cargo e as funções exercidas no cotidiano
  • Responsabilidades insuficientes ou incompatíveis com o grau de qualificação do indivíduo
  • Falta de abertura da empresa para proposição de sugestões ou novas ideias por parte dos colaboradores
  • Realização de tarefas monótonas e repetitivas
  • Falta de perspectiva de crescimento profissional e desenvolvimento na carreira
  • Toxicidade no ambiente de trabalho ou crise no clima organizacional
  • Condições de trabalho inadequadas ou precárias
  • Concorrência excessiva ou conflitos constantes entre colegas
  • Falta de preparo e ineficiência das lideranças
  • Falta de feedback e reconhecimento pela dedicação ao trabalho
  • Cultura corporativa inflexível
  • Falta de supervisão do desempenho e de mecanismos de incentivo à produtividade
  • Tarefas mal distribuídas ou desorganizadas
  • Desconexão com o propósito do trabalho ou com os princípios e missão da empresa
  • Políticas de RH mal planejadas ou implementadas de forma indevida
  • Falta de atenção aos vários elementos envolvidos na employee experience.

Consequências do boreout no trabalho

É essencial que as organizações invistam em formas de prevenir os transtornos de saúde emocional entre os colaboradores, como é a Síndrome de Boreout, a fim de evitar problemas de crescimento profissional, competitividade e desempenho de longo prazo. A questão da falta de estímulo intelectual na força de trabalho pode ter diversas consequências, tais como:

  • Falta de engajamento e comprometimento
  • Deterioração do clima no ambiente de trabalho
  • Evasão de talentos e aumento do turnover
  • Absenteísmo
  • Queda na produtividade das equipes
  • Desconexão com a empresa
  • Declínio da qualidade da experiência dos colaboradores e de sua satisfação no trabalho
  • Enfraquecimento do employer branding
  • Depressão, estresse, ansiedade e outros transtornos
  • Problemas de saúde física, como insônia, dores de cabeça frequentes e fadiga crônica.

Como reconhecer o boreout: sintomas e sinais

Os sintomas da Síndrome de Boreout são muito semelhantes aos de burnout. Em grande parte dos casos, à medida que o distúrbio progride, os sintomas psicológicos também acabam provocando problemas físicos e, assim, levam a uma deterioração geral da saúde da pessoa. Quem é afetado pode se sentir tenso, irritado e ansioso, além de ter uma maior propensão a ataques repentinos de raiva.

Veja quais são alguns dos principais sintomas que podem ajudar você a reconhecer o boreout para poder intervir em tempo hábil:

  • Depressão: ao se sentir sem função ou não ser reconhecido no trabalho, o colaborador pode entrar em um processo depressivo
  • Dificuldade de concentração: com a falta de estímulo, a concentração e o foco podem se tornar muito difíceis até nas atividades mais simples do dia-a-dia
  • Falta de motivação: esse pode ser um dos primeiros sintomas, pois o indivíduo não vê mais um porquê em suas tarefas
  • Indiferença e desinteresse: o colaborador demonstra falta de interesse e faz apenas o necessário para cumprir suas responsabilidades e manter o emprego
  • Angústia e aborrecimento: a frustração e a insatisfação provocadas pela falta de atividades compatíveis com o perfil do colaborador deixam a pessoa aborrecida e angustiada em grande parte do tempo
  • Estagnação: a pessoa se sente sem perspectiva diante de tarefas monótonas e sem sentido, deixando de evoluir como profissional
  • Baixa autoestima: o boreout pode desencadear a baixa autoestima pessoal e profissional devido à falta de valorização que o indivíduo sente
  • Irritabilidade e mau humor: a combinação dos fatores já mencionados e da insegurança gerada por eles fazem com que a pessoa esteja sempre estressada, ansiosa, mal-humorada e sem paciência.

Como evitar e combater o boreout em sua equipe

De acordo com um relatório publicado pela OMS em 2022, estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos todos os anos em decorrência de questões emocionais da força de trabalho, como depressão e ansiedade. Isso chega a custar à economia mundial quase 1 trilhão de dólares. Já outra pesquisa recente revela que, apesar do aumento dos investimentos e da atenção dada pelas empresas às questões relacionadas a desafios psicológicos e emocionais, ainda existem muitas organizações que subestimam a importância do assunto.

Questões como o boreout exigem atenção especial do RH para que não se agravem e provoquem problemas ainda maiores para os colaboradores e para a empresa. Além disso, é imprescindível que as lideranças se preocupem e se dediquem a criar um ambiente psicologicamente saudável que não dê espaço para o desenvolvimento de tais distúrbios e, em vez disso, fomente o bem-estar no trabalho, o crescimento profissional e o bom desempenho.

Veja algumas dicas e recomendações para ajudar você a evitar e combater o boreout em sua empresa:

  1. Aprimore os processos internos

Um dos fatores que podem contribuir tanto para casos de burnout quanto de boreout são problemas relacionados à qualidade e à eficiência dos processos internos de uma empresa. Nesse sentido, é necessário fazer uma análise dos processos em vigor, para identificar necessidades de melhoria.

Um caso clássico é a falha na delegação de tarefas. Se, por um lado, pode haver colaboradores sobrecarregados com um número excessivo de responsabilidades, por outro, você pode ter membros da equipe que estão com menos funções e, por isso, se sentem subutilizados e subestimados. É importante aproveitar as habilidades de cada pessoa, de modo a eliminar gargalos e processos ineficientes, além de distribuir tarefas de forma inteligente.

  1. Estabeleça metas inspiradoras

Metas são importantes, pois mostram aos colaboradores que objetivos perseguir e que caminho trilhar para chegar ao destino desejado. Contudo, é necessário ter cuidado. Metas muito pequenas ou aquém das capacidades de um indivíduo podem gerar ociosidade e contribuir para o boreout. Já metas irrealistas e ambiciosas demais podem provocar esgotamento e frustração.

O melhor nesse caso é conhecer bem sua equipe e aproveitar o potencial individual de cada membro. Estabeleça metas que geram valor e levam os colaboradores a se engajar no trabalho para alcançar resultados e crescer profissionalmente. Em alguns casos, pode ser mais eficaz do que apenas prometer bônus ou premiações financeiras.

  1. Reconheça e celebre as conquistas individuais e de equipe

feedback e o reconhecimento profissional são formas comprovadas de incentivar a produtividade e estimular o crescimento profissional. Reconhecer as contribuições e conquistas dos colaboradores, por menores que sejam, também pode ajudar a melhorar a moral e a motivação da equipe.

Um estudo recente revelou que quatro em cada cinco colaboradores se sentem mais motivados a trabalhar quando seus esforços são reconhecidos pela empresa. Já 53% dos entrevistados disseram que o reconhecimento era mais importante para a felicidade no trabalho do que o próprio salário. Em uma boa gestão de equipes, as lideranças usam essas oportunidades para estimular o melhor nas pessoas, e assim criam uma rede de apoio em que as partes se ajudam e complementam as ações umas das outras.

  1. Abra espaço para ouvir sua equipe

Problemas de esgotamento, estresse ou desmotivação podem apresentar sinais visíveis logo no início. Quando você tem um meio para ouvir as equipes, e posteriormente implementar ações corretivas, é possível cortar o mal pela raiz. É essencial que os colaboradores saibam que existe uma forma de comunicação direta com a gerência com a qual eles podem contar nos momentos de necessidade.

Seja com reuniões individuais periódicas, sessões em grupos menores ou outras ferramentas de comunicação, sua equipe precisa saber que está sendo ouvida e que medidas efetivas são tomadas para ajudar a resolver seus problemas e cuidar de seu bem-estar. Pesquisas de pulso, eNPS ou de engajamento, linhas diretas e atividades de team building também podem ser opções efetivas para ajudar nesse momento.

  1. Ofereça assistência psicológica

O ideal é implementar medidas preventivas para evitar ao máximo que casos de boreout ocorram na empresa. No entanto, é necessário confrontar a realidade quando surgirem tais problemas na equipe. É necessário que as pessoas possam contar com a ajuda de profissionais qualificados para auxiliá-los nessas situações.

Uma opção é oferecer acesso a especialistas em psiquiatria ou psicologia no ambiente de trabalho para lidar diretamente com a Síndrome de Boreout. Assim, seu time terá um espaço seguro para obter orientação e tratar esse problema, seja presencial ou online. Em paralelo, você também pode oferecer palestras e ações de conscientização às lideranças e às equipes sobre o perigo que tal questão representa para a saúde e para a vida profissional.

  1. Adote ações de incentivo

Implementar ações de incentivo também é uma maneira eficaz de estimular seus colaboradores. Procure promover a prática de hobbies e atividades físicas ou intelectuais fora do trabalho, fomente o engajamento e o bom desempenho através de diferentes tipos de premiações e ofereça meios para ajudar sua equipe no alcance de metas e no desenvolvimento de carreira. Para garantir a eficácia das iniciativas, é importante divulgá-las em toda a empresa. O objetivo é levar os integrantes a crescer e a dar o melhor de si.

Conte com benefícios de bem-estar para estimular e acolher sua equipe

Ao incentivar hobbies e atividades fora do trabalho, exercícios físicos e outras práticas voltadas para o bem-estar podem ser uma ótima opção para cuidar da saúde e da qualidade de vida da sua equipe. Afinal, de acordo com lideranças de RH, investir em pacotes de benefícios corporativos que contemplem a saúde e o bem-estar vale a pena, pois reduz gastos com planos de saúde e diminui o número de dias perdidos em decorrência de licenças. É uma forma de estimular e acolher os colaboradores ao mesmo tempo.

E quando o assunto é programas de bem-estar, o Wellhub tem a solução certa para sua empresa. Com uma abordagem holística e uma ampla rede de academias, personal trainers, estúdios e apps, o Wellhub tem soluções que atendem às necessidades específicas do seu pessoal. Fale com um de nossos especialistas em bem-estar e descubra como você pode contribuir de forma efetiva para a saúde física, emocional e financeira de sua equipe.

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Wellhub Editorial Team

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