Como calcular e melhorar sua taxa de turnover
Os colaboradores são a base de qualquer negócio e, na maioria das vezes, a liderança da empresa imagina que essa base estará sempre lá, firme e forte. Só que não é bem assim: a força de trabalho de uma organização pode ser tudo, menos estática. Pessoas vão e vêm, em um movimento contínuo de mudança, conforme novas posições são abertas na companhia e trabalhadores mais antigos saem em busca de outras oportunidades. Isso, na verdade, é algo natural do próprio mercado de trabalho.
Mas, ao mesmo tempo que essa rotatividade nas equipes, também conhecida como turnover, é algo natural, ela também pode custar caro. E uma alta taxa de turnover pode ser um sinal de problemas mais amplos dentro da empresa que você precisa investigar. Por isso, é importante saber como calcular sua taxa de rotatividade, aprender a interpretar esse índice e descobrir formas de melhorar esses resultados. E nós estamos aqui para ajudar você com isso.
O que é turnover?
A expressão “turnover” representa a saída de colaboradores da empresa, voluntariamente ou não. Assim, o turnover, ou a rotatividade, é o cálculo da porcentagem de integrantes que deixam a equipe durante um período específico. Esse número indica à liderança, de forma clara, se a rotatividade de pessoas está alta demais, e se isso está começando a se tornar um problema para a empresa.
Turnover alto é um conceito relativo. Essa avaliação varia de setor para setor. Por exemplo, áreas que estão em crescimento, como o mercado de TI, apresentam índices de rotatividade mais elevados que a média, já que há muitas vagas abertas e esse cenário de competição por talentos favorece o movimento de saída de colaboradores em busca de ofertas de emprego tentadoras. Mas, apesar disso, uma pesquisa global da consultoria Robert Half aponta para um cenário preocupante: segundo o estudo, o Brasil é o país onde o turnover mais cresceu nos últimos anos.
É importante destacar que uma rotatividade muito baixa ou próxima de zero também não é boa: ela pode indicar uma tendência à estagnação na empresa. Por isso, de forma geral, o mercado entende que manter uma taxa de turnover próxima dos 10% é o ideal, desde que esse número de pessoas que estão saindo represente os colaboradores menos engajados em sua organização. Se essa rotatividade de 10% vem dos melhores talentos, esse número com certeza não é bom.
Seja como for, quanto mais controlado o seu índice de turnover, melhor para sua empresa, pois ela poderá recuperar os investimentos que fez em contratações e reter colaboradores de alto desempenho. Isso, claro, acaba contribuindo para melhores resultados para a organização como um todo. Já um turnover elevado demais pode comprometer a consolidação do conhecimento institucional e afetar negativamente a cultura organizacional, o que reduz a capacidade da companhia de atingir seu melhor desempenho na prestação dos serviços e na satisfação dos clientes.
O alto custo do turnover
A rotatividade excessiva de colaboradores gera um custo significativo. Quando alguém que já havia se adaptado perfeitamente à empresa deixa o time, o dinheiro e o tempo que você investiu no recrutamento, no onboarding e no treinamento dessa pessoa também vão embora com ela. O posto de trabalho fica vago de repente, e as responsabilidades daquele cargo recaem sobre outro membro da equipe (levando a uma sobrecarga) ou são simplesmente colocadas na fila de espera (diminuindo a produtividade). E, é claro, atrair, selecionar e integrar alguém para preencher aquela vaga significa uma nova injeção de investimentos.
Como isso tudo impacta as finanças da organização? Cada empresa é diferente, mas especialistas em recrutamento e seleção de pessoas apontam, com base em pesquisas globais, que o custo de substituição de um único colaborador pode ser até duas vezes maior que o seu salário anual. Ou seja, diminuir o turnover economiza recursos da organização, que poderiam ser investidos em outras áreas.
E tem mais: o aumento do turnover na equipe também prejudica o engajamento dos colaboradores. Quando os membros da sua força de trabalho veem seus colegas saindo, isso pode afetar de forma negativa o clima organizacional e a cultura da sua empresa. É natural que as pessoas comecem a sentir uma maior instabilidade em seus empregos ou a enxergar a organização apenas como um trampolim para aspirações profissionais maiores. Isso pode contagiar toda a equipe e gerar um efeito cascata. Estudos já indicam que quando uma pessoa pede demissão, a chance de outros colegas também saírem aumenta em até 25%. Esse sentimento, claro, pode ter um impacto negativo no moral do time, na qualidade do serviço prestado, na fidelização de clientes e em muitos outros aspectos estratégicos do negócio.
Resumindo: uma alta taxa de turnover é um problema que nenhuma empresa pode se dar ao luxo de ignorar. Mas, como gestor de Recursos Humanos ou líder em sua organização, como fazer para monitorar com precisão o índice de rotatividade?
Como calcular a taxa de turnover em sua empresa
Embora muitos fatores possam estar por trás do turnover em uma empresa, calcular essa taxa de rotatividade é relativamente simples. Existem diferentes métodos para descobrir esse número, mas esta é uma equação básica para determinar o índice de turnover:
Taxa geral de rotatividade de colaboradores = (número de colaboradores que saíram durante um período específico / número médio de colaboradores durante esse período) x 100
Agora, acompanhe em detalhes um passo a passo de como você pode preencher cada fator dessa equação.
Passo 1: defina o período
O primeiro passo para calcular a taxa de turnover em sua organização é decidir qual janela de tempo usar como referência. Seu interesse é descobrir sua taxa de rotatividade anual? Ou existe um desafio específico de saber quantas pessoas saem após o pagamento dos bônus ou durante as férias? Analisar diferentes períodos fornecerá informações exclusivas sobre possíveis problemas que você pode ter que resolver em cada momento.
Passo 2: determine o número médio de colaboradores durante o período
Após definir um período de interesse, o próximo passo é encontrar o número médio de colaboradores que você tinha na equipe durante esse tempo. Para obter essa informação, é só fazer o seguinte cálculo: some o número total de colaboradores que haviam no primeiro dia do período com o número total de colaboradores no último dia do período e divida essa soma por 2.
Passo 3: determine quantos colaboradores saíram durante o período
Esta etapa não tem segredos. Basta contar o número de desligamentos que ocorreram durante o período em análise. Contabilize cada pessoa que saiu, seja por vontade própria (quem pediu demissão) ou por decisão da gestão (as pessoas que foram demitidas).
Passo 4: divida os colaboradores que saíram pelo número médio de colaboradores
Com todas as variáveis já definidas, agora você só precisa inserir esses dados na equação. Divida o número total de saídas pelo número médio de colaboradores no período.
Passo 5: multiplique o resultado por 100
Como a taxa de rotatividade é uma porcentagem, o último passo desse cálculo é multiplicar o resultado da etapa anterior por 100. O número obtido representa o turnover de sua empresa durante o período especificado, em percentual.
Portanto, imagine que você começou o ano com 500 funcionários e perdeu 80 pessoas durante esse período: pelos cálculos, sua taxa de rotatividade geral será de 16%.
(80 desligamentos / 500 funcionários) x 100 = 16% de turnover
Compreendendo sua taxa de turnover
Com essa porcentagem em mãos, você já deu um grande passo para ajudar a companhia a refinar sua estratégia de retenção de funcionários. Mas olhar friamente para os números não é suficiente: sua taxa de rotatividade tem muito a dizer sobre a gestão de pessoas em sua empresa, e para entender essa mensagem é preciso investigar o contexto desses dados.
Encontre e compare referências do setor
Para começar a se situar, tente descobrir qual é o índice de turnover em seu mercado de atuação e compare com o seu. Você pode checar se associações do seu setor possuem esses dados ou se órgãos do governo, como o Ministério do Trabalho e o CAGED, fazem levantamentos desse tipo. Isso pode ajudar a entender se sua taxa de rotatividade está na média, ou se é preciso acender um sinal de alerta.
Descubra qual é o perfil de quem está saindo
Outra análise importante a fazer é entender se há um perfil específico de colaboradores deixando a organização. Como já citamos antes, se o turnover estiver ligado a colaboradores menos engajados, talvez seja o caso de concentrar suas ações em melhorar a motivação no trabalho como forma de aumentar o engajamento da equipe. Por outro lado, se a rotatividade estiver concentrada nas pessoas mais qualificadas e comprometidas, vale a pena investigar as possíveis causas internas desse movimento de saída. Talvez existam problemas sistêmicos na empresa, como falta de oportunidades de crescimento ou gestão ineficiente, e cada um deles exige soluções diferentes para combater o desengajamento de colaboradores.
Vá direto à fonte: pergunte porque decidiram sair
Algumas pessoas deixam a empresa apenas porque gostam de explorar novos rumos e aproveitar as oportunidades, mas muitas outras mudam de emprego por um motivo específico. É fato: segundo pesquisas, quase metade (49%) dos melhores profissionais pretende mudar de emprego em 2023, e 35% apontam a busca por melhores benefícios como a causa desse movimento. Realizar entrevistas e conversar abertamente com quem optou por se desligar da empresa pode ser uma oportunidade preciosa para obter um feedback honesto e identificar problemas que possam afetar sua retenção.
Claro, você não precisa esperar até que alguém decida rescindir o contrato para ouvir as opiniões do seu time. As pesquisas de satisfação interna são um canal simples e anônimo em que os colaboradores podem compartilhar suas críticas, sugestões e percepções, ajudando você a agir com antecedência e conter possíveis ameaças antes que seus melhores talentos comecem a sair.
Invista no bem-estar da equipe para reduzir seu turnover
Diminuir o turnover na empresa está ao seu alcance. Os colaboradores podem ter as mais diversas razões para sair, seja porque receberam uma proposta com um salário mais alto, não se sentem desafiados onde estão ou têm dificuldade em conciliar trabalho e vida pessoal. No entanto, a raiz de todos esses motivos para a alta rotatividade é a mesma: as pessoas entendem que deixar a empresa pode melhorar, de alguma forma, sua sensação de bem-estar no trabalho.
Nesse sentido, você pode satisfazer muitos anseios dos seus colaboradores e aumentar a retenção de talentos por meio de programas de bem-estar em sua empresa. Afinal, já vimos que os benefícios corporativos se tornaram um dos aspectos mais importantes em uma oferta de emprego hoje em dia, e alguns dos atrativos mais valorizados são aqueles que promovem a saúde e o bem-estar das pessoas. Se estiverem felizes e se sentindo bem enquanto trabalham, elas vão querer ficar e se desenvolver onde estão.
Se você quiser saber mais sobre as vantagens de oferecer um programa de bem-estar e como ele pode ajudar a aumentar o engajamento e a satisfação de seus colaboradores, fale hoje mesmo com um especialista em bem-estar do Wellhub!
Referências
- HALF, Robert. TURNOVER em alta: principais motivos e como evitar. Robert Half, 2022. Disponível em: https://www.roberthalf.com.br/blog/tendencias/turnover-em-alta-principais-motivos-e-como-evitar. Acesso em: 03 de junho de 2023.
- POR QUE os profissionais deixam as empresas? Especialista destaca causas. G1, 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2021/06/16/por-que-os-profissionais-deixam-as-empresas-especialista-destaca-causas.ghtml. Acesso em: 05 de junho de 2023.
- MORGAN, Kate. Por que “epidemia de demissões” está se espalhando entre empresas. BBC Brasil, 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c2erelevymno. Acesso em 05 de junho de 2023.
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- PERFORMANCE acelerada: um novo padrão para estimular o engajamento, a retenção e os resultados dos colaboradores. O. C. Tanner, 2019. Disponível em: https://www.octanner.com/content/dam/oc-tanner/documents/global-research/White_Paper_Performance_Accelerated.pdf. Acesso em 07 de abril de 2023.
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