Bem-Estar Corporativo

Exemplos de doenças do trabalho e como prevenir

Última alteração 20 de ago. de 2024
Entenda o que são doenças do trabalho, principais causas, consequências para as empresas e seus colaboradores e ações de combate e prevenção.

Conforme relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), quase 3 milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência de doenças profissionais e lesões no trabalho, sendo as longas jornadas à disposição da empresa o principal motivo.

Além dos prejuízos econômicos e do sofrimento irreparável vivenciado pelas famílias das vítimas, a perda de vidas humanas tende a afetar de modo negativo o clima, a produtividade geral e a cultura organizacional.

Entendendo que o ambiente corporativo pode ter participação direta no surgimento ou no agravo de certos distúrbios, o Ministério da Saúde atualizou a lista de doenças relacionadas ao trabalho, incluindo 165 novas patologias capazes de causar danos à saúde física e mental dos profissionais brasileiros, como alguns tipos de câncer, a covid-19, o burnout, a ansiedade e a depressão.

Assim, em razão das consequências para os negócios e para a qualidade de vida de seus colaboradores, as empresas devem se empenhar na prevenção e no combate a todo e qualquer tipo de doença do trabalho.

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O que é doença do trabalho?

É classificada como doença do trabalho toda condição capaz de afetar a saúde das pessoas enquanto desempenham suas atividades laborais. Elas decorrem de circunstâncias presentes no ambiente de trabalho, como a exposição a agentes nocivos, a sobrecarga de atividades ou o próprio comportamento workaholic de alguns profissionais.

Mas a doença do trabalho não está, necessariamente, ligada à função que o colaborador exerce na empresa. Então, qual é a diferença entre doença profissional e doença do trabalho?

Diferença entre doença profissional e doença do trabalho

Segundo o artigo 20 da lei 8.213, temos:

  • Doença profissional (ou doença ocupacional): é aquela adquirida ou desencadeada pelo exercício de uma atividade em si e pela exposição direta a agentes de risco (físicos, químicos, biológicos). Por exemplo, um colaborador que trabalhou na central de atendimento ao cliente de uma empresa, fez uso constante de headsets (microfone e dispositivo de escuta) e desenvolveu problemas auditivos.
  • Doença do trabalho: é aquela adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente. Por exemplo, outro colaborador que também atua na central de atendimento ao cliente de uma empresa e, em razão da pressão por resultados ou de uma liderança despreparada, foi diagnosticado com estresse crônico.

O que pode ocasionar uma doença do trabalho?

De maneira geral, as doenças do trabalho surgem por conta de um ambiente desfavorável ao bem-estar integral da equipe. Entre os fatores mais comuns que podem desencadear esses problemas, destacamos:

As principais doenças relacionadas ao trabalho

Algumas das principais doenças relacionadas ao trabalho são:

  1. DORTs (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) e LER (Lesão por Esforço Repetitivo)

DORTs e LER são agravos que afetam, sobretudo, o tronco e os membros superiores, como os punhos, cotovelos, pescoço e ombros, e recebem nomes variados (tendinite, bursite, lombalgia), a depender do diagnóstico clínico. São decorrentes de fatores mecânicos – como o esforço excessivo ou a postura inadequada – mas cada vez mais são associados à insatisfação no trabalho e ao estresse ocupacional.

Em 2022, as doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo foram a segunda maior causa de afastamento do trabalho, segundo pesquisa.

  1. Síndrome de burnout

síndrome de burnout (ou síndrome do esgotamento profissional) caracteriza-se pelo desgaste físico e emocional em razão de condições de trabalho extenuantes, como o excesso de atividades, comportamentos tóxicos de líderes e colegas, comunicação ineficiente e escassez de recursos para exercer as tarefas.

Para 43% dos profissionais brasileiros, a sobrecarga de trabalho é o fator que mais interfere em sua saúde mental, de acordo com um levantamento liderado pelo Wellz by Wellhub. Se não administrada, essa sobrecarga pode facilmente levar ao esgotamento.

Alguns dos principais sinais de burnout são o acúmulo de responsabilidades, o isolamento social, irritabilidade, cansaço extremo e a necessidade de aprovação constante por pares e gestores.

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  1. Depressão

A depressão é uma doença crônica, incapacitante e que afeta o estado emocional das pessoas. Esse distúrbio afetivo é marcado por oscilações no ânimo, exaustão, sofrimento sem causa aparente, angústia, bem como mudanças nos padrões de sono e de alimentação.

A literatura científica já evidenciou alterações químicas no cérebro de indivíduos deprimidos, em especial no que se refere aos neurotransmissores responsáveis pela regulação do humor (serotonina, noradrenalina e dopamina).

Um mapeamento da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que 5,8% da população brasileira sofre de depressão – um complexo emaranhado de fatores sociais, psicológicos e genéticos. No universo do trabalho, o desemprego, a remuneração insuficiente, a falta de perspectivas de crescimento e a ausência de políticas de reconhecimento profissional contribuem para o desenvolvimento ou o agravamento do problema.

  1. Ansiedade

A ansiedade é uma reação natural do corpo diante de ameaças ou do desconhecido. Entretanto, pode se transformar em doença crônica a partir do momento que essa condição se torna intensa e recorrente, comprometendo a saúde e a qualidade de vida das pessoas.

A OMS classificou o Brasil como o país mais ansioso do mundo, e as razões são diversas: alto índice de desemprego, instabilidade política e econômica, falta de segurança pública e até as gradativas mudanças climáticas.

ansiedade no trabalho é resultante da incerteza em relação ao futuro profissional, da sobrecarga de atividades, de um ambiente hostil, de salários e benefícios pouco atraentes e por conta de lideranças inexperientes.

Vídeo institucional dos 4 diferenciais do Wellz

  1. Dorsalgia e lombalgia

Dorsalgia é o termo utilizado para designar os desconfortos na parte superior das costas, enquanto a lombalgia refere-se à dor na região lombar (porção inferior da coluna vertebral). Boa parte dessas disfunções se dá por conta da falta de ergonomia no trabalho.

A OMS estima que 80% da população mundial sofra com dores nas costas.

Entre as diversas causas para esses problemas, destacamos:

  • Postura inadequada
  • Movimentos repetitivos
  • Longos períodos na mesma posição
  • Espasmos ou distensões na musculatura
  • Estresse emocional
  • Obesidade

Tanto a dorsalgia como a lombalgia podem ser debilitantes e afastar as pessoas do convívio social e de suas atividades laborais.

Quais são as consequências das doenças do trabalho para empresas e colaboradores?

As doenças do trabalho podem causar inúmeros prejuízos para as empresas e seus colaboradores.

Além de afetar a integridade física e a saúde mental das pessoas, esses problemas estão diretamente relacionados ao aumento no número de atestados médicos, taxas de absenteísmo e aos custos com o plano de saúde corporativo.

As organizações também tendem a experimentar quedas na produtividade, piora no clima organizacional, insatisfação e desmotivação da equipe.

Empresas que relatam alta incidência de doenças relacionadas ao trabalho não são bem-vistas por profissionais de alta performance, e isso pode interferir na sua reputação e na sua marca como empregadora (ou employer branding). Possivelmente, será necessário alocar esforços adicionais para fortalecer as estratégias de atração e retenção de talentos.

Em última instância, a experiência do colaborador é pautada, sobretudo, no modo como a organização valoriza a sua equipe e se preocupa com seu bem-estar - 87% dos profissionais de hoje sairiam de uma empresa que não valoriza o bem-estar. Pessoas adoecendo em razão de condições laborais inadequadas é um sinal de que a estrutura, os processos ou determinados padrões de comportamentos da empresa precisam ser ajustados.

O papel do RH no combate às doenças do trabalho

Embora algumas doenças do trabalho exijam intervenção medicamentosa, manter um estilo de vida saudável é uma das melhores maneiras para prevenir que distúrbios se instalem ou para atenuar seus sintomas.

Como área responsável pela gestão de pessoas, o RH deve promover uma cultura de prevenção em segurança e saúde. Algumas ações para ajudar a combater as doenças do trabalho são:

Compartilhar informações sobre riscos e cuidados preventivos

É indicado que a área de treinamento e capacitação reforce as boas práticas de prevenção às doenças do trabalho em seu conteúdo programático. Além de prestar informações aos novos colaboradores durante o onboarding, o RH pode providenciar ações de reciclagem para os demais integrantes da equipe.

Igualmente importante é esclarecer como os benefícios corporativos e o programa de bem-estar oferecidos pela empresa são ferramentas poderosas para evitar uma série de doenças e melhorar a qualidade de vida dos colaboradores e de seus dependentes.

Reforçar a necessidade de fazer os exames periódicos

exame admissional ajuda o RH a identificar se o novo colaborador tem predisposição a determinadas doenças ou se a sua saúde exige algum tipo de atenção especial, antes do início efetivo no emprego.

Já os exames periódicos são uma forma de averiguar se houve alterações no quadro clínico de uma pessoa ao longo de sua trajetória na empresa, e o que pode ser feito para reverter a situação.

Os exames periódicos são uma obrigação, prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e têm o objetivo de assegurar que os colaboradores estão em perfeitas condições de saúde para exercerem suas funções. Também servem de base para um diagnóstico mais aprofundado, caso revelem que as pessoas têm alterações físicas ou psicológicas.

Programar férias e folgas remuneradas

Um estudo apontou que quase 30% dos profissionais brasileiros vendem seu terço de férias como forma de complementar sua renda. Esse número serve de alerta para o RH por dois motivos:

  1. salário pode não ser suficiente para que os colaboradores consigam arcar com todas as suas despesas
  2. O período destinado ao descanso não é usufruído de maneira plena

As férias, assim como o abono pecuniário (venda de 1/3 das férias), são direitos também previstos na CLT. Todavia, é interessante, tanto para a empresa quanto para os colaboradores, que o período de descanso seja destinado ao lazer, à família ou a novas experiências de aprendizado, por exemplo.

Desvincular-se física e mentalmente da rotina laboral por um tempo permite que as pessoas retornem ao trabalho mais felizes, motivadas, produtivas e saudáveis.

Incentivar a adoção de um estilo de vida mais saudável

Por meio de comunicados internos, palestras ou workshops com especialistas, o RH pode abordar diversos temas que envolvem um estilo de vida saudável. A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) pode auxiliar na criação de um cronograma para tratar de tópicos como:

  • Nutrição no local de trabalho
  • Qualidade do sono (incluindo dicas sobre escolha de colchões e travesseiros ideais)
  • Benefícios da atividade física
  • Pausas durante o expediente
  • Cessação do tabagismo
  • Controle de peso
  • Redução do consumo de álcool e cafeína
  • Normas de higiene e segurança
  • Organização da mesa de trabalho (disposição da tela do computador e cadeira com apoio para as costas e regulagem de altura, por exemplo)
  • Importância do uso de EPIs (equipamentos de proteção individual)

A Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT) é um evento direcionado à saúde e à segurança dos colaboradores. É uma excelente oportunidade para convocar todo o time para participar de palestras, dinâmicas de grupo e outras atividades lúdicas capazes de despertar o interesse e a reflexão sobre as doenças do trabalho.

Instituir um programa de saúde mental na empresa

Conforme o Panorama do Bem-Estar Corporativo 2024, quase 65% dos profissionais brasileiros alegam que o bem-estar emocional afeta sua produtividade.

Um programa de saúde mental é um conjunto de iniciativas adotadas pela empresa para tratar o aspecto emocional de seus colaboradores e impedir que algumas das doenças relacionadas ao trabalho se instalem.

Além da conscientização sobre os fatores de risco e do esclarecimento acerca do conceito, causas e consequências de cada tipo de transtorno, você pode oferecer:

  • Acompanhamento terapêutico individual
  • Práticas de mindfulness no trabalho
  • Sessões regulares de ginástica laboral
  • Convênio com farmácias e drogarias para a compra de medicamentos
  • Campanhas de vacinação na empresa
  • Política de descontos em sessões de massagem e acupuntura

As ações acima são pequenos exemplos dentro do extenso rol de benefícios corporativos voltados à saúde mental que podem ser incorporados ao programa de bem-estar vigente.

O cuidado integrado como instrumento de prevenção de doenças do trabalho

O Wellz conduziu um estudo de caso que comprovou os benefícios do cuidado integrado,      considerando corpo e mente, para melhorar os resultados clínicos de colaboradores que apresentavam queixas com relação à sua saúde mental.

A combinação entre atividades físicas e práticas terapêuticas possibilitou:

  • A redução do alto risco de ansiedade em 48,2%
  • A redução do alto risco de depressão em 47,8%

O Wellz pode ajudar seus colaboradores nessa jornada de cuidado e autoconhecimento, evitando que as doenças relacionadas ao trabalho se manifestem. Entre em contato para saber mais ou solicite uma demonstração a um de nossos consultores.

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Referências


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Time Editorial Wellz

O Time Editorial do Wellz une a nossa expertise clínica com uma visão estratégica do mercado para trazer sempre conteúdos atuais e relevantes sobre saúde mental. Ajudamos as lideranças de RH a mapear, analisar e traduzir tendências em ações práticas, para criar ambientes de trabalho cada vez mais seguros e produtivos.