Guia prático sobre salário
É natural querer ganhar um bom salário, mas será que só esse valor importa? Cada vez mais, as pessoas buscam uma gratificação no trabalho que não se resume aos ganhos financeiros. O Panorama do Bem-Estar Corporativo 2024 constatou que 93% dos profissionais consideram o bem-estar no trabalho tão importante quanto o salário.
Esse e outros dados recentes sugerem que as prioridades da força de trabalho global vêm mudando. O dinheiro continua sendo importante, claro, mas deixou de ser o grande protagonista nas estratégias de atração, retenção e engajamento dos colaboradores. Por isso, é essencial entender o conceito de salário com uma perspectiva mais abrangente.
O que é salário?
Segundo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), salário é o valor que uma empresa paga aos seus colaboradores pelos serviços prestados, em um determinado período, geralmente a cada mês. Essa quantia é definida de maneira prévia e deve constar na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).
O salário pode variar em razão de diferentes fatores, tais como o porte da organização, a localização geográfica ou a experiência profissional da pessoa. Mas vale lembrar que promover a equidade salarial é necessário em qualquer tipo de organização ou contrato com o colaborador.
Diferença entre salário e remuneração
O que diferencia salário e remuneração é a forma de “recompensar” o trabalho que os colaboradores fazem na empresa. O salário é o dinheiro pago de acordo com o valor fixo registrado no contrato do colaborador. Esse valor faz parte da remuneração, que engloba todas as vantagens financeiras que a empresa oferece aos colaboradores. Isso significa que, além do salário, a remuneração pode incluir benefícios como:
- Comissões, gorjetas e gratificações
- Plano de saúde empresarial
- Assistência odontológica
- Vale-refeição
- Participação nos lucros e resultados (PLR)
Além disso, as empresas podem encaixar o salário e a remuneração em uma estratégia de Total Rewards para impulsionar a motivação dos colaboradores.
Quais são os principais tipos de salário?
A legislação brasileira proíbe descontar do salário valores referentes a materiais e serviços que uma empresa deve fornecer à sua equipe para a correta realização do trabalho, como equipamentos de segurança ou treinamentos. Por outro lado, há descontos salariais obrigatórios e valores que devem ser pagos na condição de adicionais ao salário.
Exemplos de descontos permitidos pelas leis trabalhistas
- Contribuição com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)
- Retenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF)
- Porcentagem dos benefícios como vale transporte e vale-alimentação (opcionais)
- Desconto de adiantamento salarial
- Desconto de faltas não justificadas
Exemplos de adicionais por direito dos colaboradores
- Hora extra
- Adicional noturno
- Adicional de periculosidade
- Adicional de insalubridade
- Adicional de transferência
Os principais tipos de salário
Existem diferentes tipos de salário que se encaixam na legislação trabalhista brasileira. Veja quais são as características e finalidades específicas de cada um:
Salário bruto
O valor fixo estabelecido no contrato entre a empresa e o colaborador, sem descontos, acréscimos ou variáveis. Também é chamado de salário nominal ou salário base, já que serve de referência para o cálculo de FGTS e outras obrigações trabalhistas.
Salário líquido
É a quantia efetiva que cada pessoa recebe, após a dedução de impostos e descontos relativos a benefícios corporativos, como a assistência à saúde e os programas para a aposentadoria patrocinados pela empresa, por exemplo.
Salário mínimo
É o menor valor que uma empresa pode pagar para seus colaboradores pelos serviços prestados. O valor do salário mínimo é definido por lei e revisto pelo Governo Federal a cada ano. Alguns estados adotam um salário mínimo regional e/ou um piso salarial regional. Isso é previsto por lei, com a condição de que as faixas salariais não fiquem abaixo do mínimo nacional.
Salário misto
É o tipo de salário composto por uma parte fixa e outra variável, como no caso de quem recebe comissões ou ganha um salário por produção ou por tarefa.
Salário profissional
É um valor estipulado como o mínimo que uma categoria profissional deve receber, conforme acordo regulamentado por convenção coletiva, negociação com sindicatos ou sentenças trabalhistas.
Ainda existem outras formas de salário em que o valor não é apenas financeiro. Os principais exemplos são:
- Salário in natura ou salário utilidade: quando a compensação pelo trabalho inclui o uso de bens ou serviços como parte de um acordo feito no contrato (por exemplo, a moradia paga pela empresa sem que isso seja indispensável para o trabalho).
- Salário emocional: é a prática de complementar o salário financeiro com recompensas valorizadas pela pessoa. Por exemplo, oportunidades de evolução na carreira, segurança emocional no ambiente de trabalho, reconhecimento profissional, programas de bem-estar integral e outros benefícios desejados pelos colaboradores (financeiros ou não).
Qual a relação entre salário e bem-estar dos colaboradores?
O salário pode influenciar o bem-estar dos colaboradores ao proporcionar tranquilidade com relação ao dinheiro. Isso não significa necessariamente ganhos exorbitantes, mas a capacidade de lidar com despesas recorrentes, gastos emergenciais ou imprevistos monetários. Assim, é possível evitar (ou pelo menos reduzir) níveis de estresse e preocupação. Mas vale lembrar que o aspecto financeiro é apenas uma das oito dimensões do bem-estar.
Daniel Kahneman e Matthew Killingsworth concluíram que o dinheiro traz felicidade e sensação de bem-estar para a maioria das pessoas. No entanto, o estudo conduzido por esses psicólogos também demonstra que esse efeito tem um limite. Mesmo que o bem-estar aumente à medida que a renda cresce, não há mais progresso nos níveis de satisfação depois que o salário chega a um determinado patamar.
Bom salário ou bem-estar?
O ideal é oferecer os dois. De nada adianta um bom salário se a carga de trabalho for desproporcional e a empresa não priorizar o bem-estar integral da sua equipe. Hoje em dia, 66% dos profissionais afirmam que sua situação financeira prejudica a concentração no trabalho e 67% não conseguem investir no próprio bem-estar.
Esses dados servem como referência para você pensar em uma política decargos e salários justa, transparente e alinhada às competências profissionais individuais. É indicado estabelecer programas de reconhecimento, recompensas por desempenho e iniciativas voltadas ao treinamento e capacitação das equipes, como formas de valorizar e enriquecer o capital humano na sua empresa.
Como envolver o bem-estar no plano de cargos e salários da empresa
Um plano de cargos e salários transparente, bem estruturado e orientado para o bem-estar dos colaboradores coloca a sua empresa em posição de vantagem competitiva, além de ser fundamental para sua estratégia de atração de talentos.
Mas o salário por si só não é capaz de manter ninguém em um ambiente tóxico, com liderança despreparada e comunicação ineficiente. Um levantamento constatou que 50% das pessoas pedem demissão por causa de seus gestores. Cabe ao departamento de RH mapear os pontos de preocupação e traçar ações de melhoria, como:
- Capacitação e desenvolvimento de lideranças
- Implementação de um programa de onboarding eficaz
- Políticas de valorização ereconhecimento no trabalho
No panorama atual, 87% dos profissionais se declaram propensos a sair de uma empresa que não prioriza o bem-estar. Daí a necessidade de complementar o seu plano de cargos e salários com um programa completo, com foco no bem-estar da equipe, para evitar o turnover.
Não escolha entre salário ou bem-estar, ofereça os dois
O trabalho e a vida pessoal têm uma relação de interdependência. Empresas que adotam uma abordagem holística para apoiar os colaboradores e suas famílias em suas demandas de saúde e bem-estar têm resultados positivos com relação à produtividade, ao engajamento, à satisfação, além de economia nos gastos com a atração e a retenção de talentos. Quer saber como podemos ajudar? Converse com um especialista em bem-estar do Wellhub hoje mesmo.
Referências
- BEM-ESTAR no trabalho é tão importante quanto o salário, mostra pesquisa. Fundação Dom Cabral, 2023. Disponível em: https://sejarelevante.fdc.org.br/bem-estar-no-trabalho-compete-com-salario/. Acesso em: 18 de abril de 2024.
- BRASIL. Decreto Nº 11.864, de 27 de dezembro de 2023. Dispõe sobre o valor do salário mínimo a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2024. Presidência da República, 2023. Disponível em:https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/decreto/D11864.htm.Acesso em: 18 de abril de 2024.
- SULIMAN, Adela. Dinheiro traz felicidade? Cientistas dizem que sim. Estadão, 2023. Disponível em: https://einvestidor.estadao.com.br/comportamento/o-dinheiro-traz-felicidade/. Acesso em: 18 de abril de 2024.
- 50% das pessoas pedem demissão por causa do chefe. Veja as características que os funcionários mais odeiam. Pequenas Empresas, Grandes Negócios, 2022. Disponível em: https://revistapegn.globo.com/Dia-a-dia/Gestao-de-Pessoas/noticia/2022/08/50-das-pessoas-pedem-demissao-por-causa-do-chefe-veja-caracteristicas-que-os-funcionarios-mais-odeiam.html. Acesso em: 18 de abril de 2024.
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