Guia completo sobre remuneração
A remuneração é um tema muito importante para definir estratégias de atração de talentos, retenção, engajamento e incentivo ao desenvolvimento profissional dos colaboradores de uma empresa. Nos dias atuais, as empresas estão investindo em diferentes formas para compensar os membros de suas equipes pela dedicação, alto desempenho e resultados alcançados, seja por meio de valores financeiros ou não.
Um bom plano remuneratório é um dos pilares que sustentam uma estratégia de RH sólida e eficaz, que estimula a produtividade e mantém pessoas qualificadas, motivadas e felizes em trabalhar. Temas como propósito profissional, sustentabilidade e impacto social de uma organização têm um grande peso para os profissionais ao escolher onde trabalhar hoje em dia. No entanto, uma pesquisa realizada pelo Indeed aponta que, tanto para millennials (47%) quanto para pessoas da geração Z (33%), as questões salariais estão entre as principais preocupações ao analisar propostas de emprego.
Mas além do salário, o que mais é considerado remuneração? Neste guia, falamos sobre a importância da remuneração, apresentamos diferentes formas de remunerar sua equipe e trazemos dicas e recomendações para elaborar um bom programa remuneratório e compensar seus colaboradores de forma justa e gratificante.
Afinal, o que é remuneração?
Remuneração é o conjunto de todos os rendimentos que a empresa oferece aos seus colaboradores pelo trabalho prestado, o que inclui o salário, os benefícios corporativos e outras formas de pagamento. Hoje em dia, trata-se de uma abordagem sistêmica para oferecer valor à sua equipe de diversas maneiras e influenciar questões como saúde organizacional, produtividade, realização profissional e desenvolvimento de talentos.
Veja alguns exemplos do que é considerado remuneração:
- Horas extras;
- Adicional noturno, de periculosidade ou de insalubridade;
- Participação nos lucros;
- Premiações;
- Gorjetas e gratificações;
- Comissões;
- Descanso semanal remunerado (DSR);
- Outros benefícios e incentivos.
Qual é a diferença entre salário e remuneração
A diferença entre salário e remuneração está no que compõe cada um. A remuneração é todo o pacote de pagamentos e benefícios oferecidos aos membros da equipe. O salário, por sua vez, é apenas um componente disso, sendo a parte devida pelos serviços prestados e estabelecida pelo contrato de vínculo empregatício, nos termos do artigo 458 da CLT. No Brasil, as exigências de um valor mínimo recaem sobre os rendimentos salariais (o salário mínimo), e não sobre a remuneração.
A importância da remuneração estratégica
Pode parecer óbvio dizer que a remuneração é importante, mas como se trata de mais do que apenas o salário, os pagamentos e benefícios envolvidos se tornam um componente estratégico para o departamento de Recursos Humanos e para a empresa como um todo.
Além de todas as questões técnicas e funcionais relacionadas, como atualização de tabelas salariais, controle de custos com pessoal e orientação de processos de contratação e promoção, seu papel influencia o bem-estar dos colaboradores e os resultados da organização.
Quando uma empresa se preocupa em remunerar bem sua força de trabalho, oferecendo condições e benefícios que agregam valor, os colaboradores se sentem recompensados, valorizados e mais motivados a produzir. Isso tem um impacto direto na estratégia, dinâmica, eficiência e desempenho dos negócios.
A remuneração serve também para:
- recrutar e reter os melhores talentos;
- manter ou aumentar o moral e a satisfação dos colaboradores;
- incentivar e recompensar o alto desempenho;
- alcançar a equidade interna e externa;
- diminuir o turnover;
- reconhecer o valor de cada membro da equipe para o crescimento e desenvolvimento dos negócios;
- reduzir o nível de absenteísmo;
- promover o desenvolvimento profissional contínuo;
- estabelecer políticas salariais competitivas e justas;
- definir o valor relativo dos cargos e determinar um equilíbrio interno sem distorções salariais;
- embasar o crescimento qualitativo do pessoal;
- fortalecer a marca empregadora (employer branding);
- alinhar os interesses econômicos e financeiros da empresa aos interesses de bem-estar, qualidade de vida e desenvolvimento profissional dos colaboradores.
8 formas de remuneração efetivas para a estratégia da sua empresa
Reunimos a seguir diferentes formas de compensação que podem ajudar você a turbinar a estratégia de remuneração da sua empresa e oferecer um programa que atenda às expectativas dos colaboradores:
- Salário utilidade
Consiste em benefícios que a empresa oferece aos colaboradores para auxiliar no cumprimento das funções para as quais são contratados. São bastante comuns no mercado por complementarem o salário direto acordado sem pesar a folha de pagamento, pois os encargos trabalhistas são menores. Alguns exemplos clássicos incluem vale-transporte, auxílio-alimentação e vale-refeição.
Se você quiser melhorar ainda mais esse tipo de remuneração na sua empresa, pode acrescentar outros pagamentos que agreguem qualidade de vida aos colaboradores, como vale-cultura, auxílio-creche e ajuda de custo para imprevistos.
- Abonos salariais
Abonos são pagamentos em forma de dinheiro como maneira de incentivar o comprometimento e o bom desempenho dos colaboradores. Por serem pagos em espécie, não são um benefício, sendo considerados, inclusive, como parte do salário e tendo os devidos recolhimentos na folha de pagamento.
Para que sua empresa ofereça abonos interessantes, é recomendável que haja um intervalo maior na periodicidade em que são concedidos e sejam praticados valores que justifiquem sua inclusão. Isso contribui para a motivação e o engajamento das equipes, além de ajudar a controlar a rotatividade de pessoal. Afinal, é um tipo de ganho extra e não obrigatório que nem toda organização oferece.
- Ajudas de custo
As ajudas de custo não são nem parte do salário nem um benefício. Seu objetivo é auxiliar o colaborador em algum possível custo previsto, mas sem uma periodicidade fixa. Por exemplo: um profissional de vendas pode ter que fazer viagens ou bancar jantares que não sejam pagos diretamente pela empresa como parte dos gastos associados às suas atividades rotineiras. O indivíduo precisa guardar os comprovantes para justificar as despesas e ser reembolsado.
Nesse caso, a empresa pode estabelecer um valor relativo a cada tipo de despesa gerada pela atividade profissional dos membros de sua equipe, para que possam fazer melhor seu trabalho. Observe que esse valor não é considerado salário, podendo ser solicitado que notas fiscais ou recibos sejam apresentados para calcular e justificar o pagamento da ajuda de custo.
- Salário completivo
É um valor adicional que complementa o salário definido na carteira de trabalho. Pode ser calculado como percentual dos ganhos ou ser uma quantia fixa, sendo considerado como rendimento salarial na folha de pagamento. Podemos citar como exemplos o adicional noturno, as horas extras ou o adicional de periculosidade. Apesar de serem obrigações trabalhistas por parte da empresa, uma forma de potencializar essa forma de remuneração é através de valores que vão além do exigido pela lei e recompensem o colaborador pelo esforço exercido.
- Gorjetas e comissões
São pagamentos mais comuns em determinados tipos de empresas ou estabelecimentos, como recintos comerciais ou para equipes de vendas. No caso das gorjetas, elas são regulamentadas e podem ser espontâneas ou compulsórias. Já as comissões podem assumir várias formas, baseadas em fechamentos de contratos, vendas de produtos ou transações em geral. Desse modo, elas agem como uma ótima forma de incentivar e recompensar o cumprimento de metas e o alcance de resultados.
- Premiações corporativas e campanhas de incentivo
As premiações e campanhas de incentivo têm ganhado cada vez mais espaço no meio corporativo como forma de estimular a produtividade e o engajamento dos colaboradores. Contudo, ao contrário de troféus e medalhas dadas a atletas no mundo dos esportes, é necessário muito mais para estimular o alto desempenho e recompensar um membro da equipe por suas conquistas.
Segundo a Reforma Trabalhista, são compreendidos como prêmios as “liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades”.
Se uma equipe entrega um projeto que gera resultados satisfatórios ou que tenha um desempenho extraordinário, como recompensar as pessoas envolvidas com base na superação das expectativas? Ao pensar em premiações, é necessário analisar como você poderá elaborar uma política de recompensas que funcione de forma efetiva com seus colaboradores, levando em consideração suas rotinas e características específicas.
É necessário salientar que prêmios devem ser dados a profissionais com desenvoltura fora do que é esperado, com justificativas plausíveis e sem se tornar uma rotina. Devem agir como um estímulo extra à excelência, em ações pontuais ou campanhas em um determinado período. É possível distribuir premiações a indivíduos, equipes, projetos e até a toda a empresa. Além disso, lembre-se dos incentivos sociais feitos por meio de feedbacks positivos e do reconhecimento profissional, que podem contar mais do que valores financeiros em determinadas situações.
- Descanso remunerado
Pela lei, todo colaborador tem direito ao descanso semanal remunerado de 24 horas consecutivas, preferencialmente aos domingos, e nos feriados religiosos e civis, respeitando as tradições locais e de acordo com as exigências técnicas de cada empresa. Além desse repouso obrigatório, existem outras formas de oferecer dias livres aos colaboradores para que possam descansar, recarregar as baterias ou cuidar de questões pessoais que exigem mais de seu tempo. É possível citar como exemplos políticas de folgas remuneradas ou licenças parentais que vão além da licença-maternidade obrigatória, incluindo diversos modelos de famílias.
Outra forma de conceder períodos de descanso que sejam adequados para o estilo de vida dos colaboradores é através de folgas que acomodem as datas comemorativas de diferentes religiões e credos. Apesar do Brasil ser um estado laico, o calendário nacional de feriados não abrange todas as religiões praticadas no país. Oferecer aos colaboradores a possibilidade de celebrar festivais e dias importantes para sua fé ou cultura, sem que precisem tirar licença ou faltar ao trabalho, é uma maneira de demonstrar flexibilidade e apreço.
- Benefícios corporativos alternativos
Quando se trata de benefícios corporativos, não basta oferecer o básico. Salário, adicionais e auxílios trabalhistas são apenas o começo. Estudos mostram que as pessoas priorizam cada vez mais empresas que fornecem modelos de atuação flexíveis e o bem-estar na vida pessoal e profissional. Por isso, é necessário que você pense “fora da caixinha” e adapte o programa de remuneração e benefícios da sua empresa às necessidades dos colaboradores. Confira alguns exemplos que podem ser exatamente o que sua equipe deseja:
- Benefícios de bem-estar para colaboradores
- Previdência privada empresarial
- Assistência à adoção de crianças
- Assistência médica no caso de tratamentos de redesignação sexual
- Programas de desconto em estabelecimentos diversos
- Participação acionária
- Assistência médica e dental abrangente
- Benefícios flexíveis
- Modelos de trabalho e atuação flexíveis
- Reembolso ou auxílio financeiro para iniciativas educacionais e para o desenvolvimento profissional
Como melhorar o programa de remuneração da sua empresa
Veja algumas considerações e recomendações que podem ajudar você a elaborar um bom programa remuneratório. Observe que não se trata de um passo a passo, mas de algumas práticas que podem ser adotadas separadamente ou em combinação.
Crie uma filosofia compensatória
Uma forma de embasar decisões sobre a estratégia ou programa de remuneração de uma empresa é através da criação de uma filosofia compensatória, que possa orientar as ações necessárias, no presente e no futuro. É uma iniciativa que exige a atenção do nível executivo da empresa, talvez sendo necessário a criação de um comitê de compensação. Outra possibilidade é formular uma proposta e apresentar à diretoria. O importante é discutir e definir as diferenças que devem existir na estrutura remuneratória de cargos executivos, profissionais e técnicos de todos os setores, assim como as formas de pagamento fixo, variável ou de incentivo.
Em seguida, é preciso comparar os padrões da empresa com o mercado e definir se a remuneração oferecida aos colaboradores está acima ou abaixo do que é praticado pela concorrência, incluindo os benefícios corporativos. Tudo isso funciona como fundamento para qualquer mudança ou alteração que possa ser feita no programa remuneratório e contribui para decisões informadas e eficientes.
Elabore um bom plano de carreira, cargos e remuneração
Em um mundo dominado pela concorrência, em que as empresas competem pelos melhores talentos e as pessoas buscam as melhores vagas, profissionais altamente qualificados são valiosos para uma organização. Como tais indivíduos conhecem muito bem o valor de suas credenciais, conhecimentos e experiência no mercado, podem considerar diversos fatores ao analisar uma proposta de emprego.
Um Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) bem fundamentado pode ser uma ferramenta eficaz para estruturar sua estratégia de remuneração e atrair talentos. Juntamente com benefícios inovadores e um clima organizacional positivo, esse pode ser um componente que tornará a sua empresa bastante interessante.
Considere a equidade de pagamento
O termo equidade de pagamento se refere ao conceito de remunerar os colaboradores de forma justa e igualitária, sem levar em consideração quaisquer características ou atribuições que os definam como pessoa, tais como sexo, cor, idade, orientação sexual, etnia e gênero. Infelizmente, ainda existem muitas discrepâncias salariais que estão enraizadas em vieses na sociedade. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a diferença de remuneração entre homens e mulheres no país chegou a 22% no fim de 2022, voltando a subir após uma tendência de queda desde 2020.
É um assunto que tem atraído a atenção de governos e empresas de várias partes do mundo. Há iniciativas que preveem multas para organizações que promovem salários diferentes para homens e mulheres que ocupam o mesmo cargo, por exemplo, ou programas públicos e leis que visam garantir práticas remuneratórias igualitárias.
Além disso, o conceito abrange a questão das disparidades salariais de forma muito mais ampla. Imagine uma empresa que pratica salários justos para pessoas com o mesmo nível de experiência, formação e competências, mas tem sua diretoria composta apenas por indivíduos do mesmo sexo e cor. Não adianta investir em diversidade e inclusão se não houver equidade. É uma questão, sobretudo, de igualdade de oportunidades e acesso a benefícios, políticas internas e possibilidades de crescimento profissional para todos os colaboradores.
Ao elaborar uma estratégia ou plano de remuneração, vale a pena levar o conceito em conta para oferecer às suas equipes condições justas. Isso ajuda a eliminar os obstáculos e frustrações provocados por preconceitos e vieses em discriminações salariais injustificáveis. Além disso, é uma maneira de promover um ambiente de trabalho acolhedor e que valoriza as pessoas como elas são.
Busque coerência com o mercado
Apesar de o mercado já ter sido mencionado como um fator a ser levado em consideração, é necessário destacar a importância de pesquisar as principais tendências e práticas no seu setor. Isso inclui benefícios, salários, jornadas de trabalho e modelos de atuação. Afinal, se a sua empresa oferece um ótimo plano de desenvolvimento de carreira, mas os salários e benefícios estão abaixo da média, os melhores talentos podem preferir outra oferta. Nesse momento, estudos de remuneração e pesquisas de mercado podem ser grandes aliados para gerar os dados de que você precisa.
O papel dos benefícios para um bom pacote de remuneração
Conceder benefícios que realmente oferecem valor à equipe pode ser uma opção eficaz para potencializar seu programa e estratégia de remuneração. O Panorama do Bem-Estar Corporativo 2024 mostra que 93% dos profissionais de hoje em dia consideram o bem-estar tão importante quanto o salário. Já em outro levantamento feito entre especialistas em RH, 62% dos participantes disseram que a adoção de benefícios flexíveis melhorou a retenção de talentos. Isso reafirma que investir na qualidade de vida dos colaboradores pode manter seu time engajado e feliz, gerando resultados benéficos para todos os envolvidos.
Com uma rede de academias, estúdios, personal trainers, aulas de várias modalidades e aplicativos voltados para a saúde, o Wellhub pode ajudar seus colaboradores a ter um estilo de vida mais saudável e manter uma relação positiva entre trabalho e vida pessoal. Converse com um de nossos especialistas em bem-estar hoje mesmo.
Referências
- SALÁRIO maior ou ambiente descontraído? Pesquisa mostra prioridades dos profissionais ao buscar vaga de emprego. Revista PEGN, 2022. Disponível em: https://revistapegn.globo.com/Dia-a-dia/Gestao-de-Pessoas/noticia/2022/09/salario-maior-ou-ambiente-descontraido-pesquisa-mostra-prioridades-dos-profissionais-ao-buscar-vaga-de-emprego.html=. Acesso em 06 de ago. de 2023.
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- FERRACCIU, Stefanie. Plano de cargos e salários: o que é, importância e como fazer. Gupy, 2023. Disponível em: https://www.gupy.io/blog/plano-de-cargos-e-salarios. Acesso em: 08 de ago. de 2023.
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