Bem-Estar Corporativo

O que é um programa de saúde mental nas empresas?

Última alteração 8 de nov. de 2024
Tempo de leitura: 12 minutos
Descubra o que é um programa de saúde mental nas empresas, como implementá-lo e quais são as vantagens para as organizações e seus colaboradores.

Em dois anos, o número de afastamentos em razão de transtornos mentais cresceu mais de 30% no Brasil. Pesquisas estimam que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido apenas à depressão e à ansiedade, o que acarreta um prejuízo de cerca de 1 trilhão de dólares à economia global.

Em 2022, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um extenso relatório (em inglês) destacando a necessidade urgente de promover a saúde mental e adotar medidas mais efetivas para cuidar de quem experimenta qualquer tipo de sofrimento psicológico.

Em essência, a mensagem da OMS é direcionada aos governos, mas também faz um apelo à sociedade civil, sobretudo às empresas, para que implementem ou intensifiquem programas de saúde mental para seus colaboradores.

Definindo saúde mental

Para a OMS, o conceito de saúde mental é muito mais abrangente do que a ausência de doenças ou distúrbios mentais. É um estado de bem-estar psicológico que permite às pessoas lidar com o estresse cotidiano, perceber suas próprias habilidades, aprender novas competências, trabalhar de modo produtivo e contribuir para a sociedade.

O aspecto mental é uma das oito dimensões do bem-estar e sustenta as nossas capacidades individuais e coletivas para tomar decisões, construir relações e moldar o mundo em que vivemos.

A saúde mental é um direito humano básico. E é crucial para o desenvolvimento pessoal, comunitário e socioeconômico.

Os fatores que impactam a saúde mental

A saúde mental é formada por uma complexa rede de interações ao longo da vida. Os principais fatores capazes de exercer influência, seja ela positiva ou negativa, sobre o bem-estar emocional são:

  • Fatores psicológicos: dizem respeito à capacidade das pessoas de administrar suas emoções, assumir responsabilidades e estabelecer relacionamentos. Indivíduos que têm dificuldade em descobrir um propósito na vida ou se sentem excluídos da sociedade são mais suscetíveis a apresentar problemas de ordem mental.
  • Fatores biológicos: estão relacionados à alimentação, à genética, à integridade física e à própria estrutura cerebral. Pessoas que não têm uma gestação saudável, por exemplo, podem privar os bebês de oxigênio e outros nutrientes, o que aumenta a vulnerabilidade das crianças a algum tipo de distúrbio mental.
  • Fatores sociais: o convívio familiar, o ambiente corporativo e os relacionamentos no colégio são alguns dos elementos que integram a esfera social. As severas influências parentais sobre o comportamento dos filhos e a intimidação sistemática (ou bullying), em especial nas escolas, são condições de alto risco para o desenvolvimento de patologias relacionadas à saúde mental.
  • Fatores estruturais: incluem o cenário político-econômico, as condições de higiene e segurança, a estabilidade financeira e a qualidade ambiental. Questões como a incerteza sobre o futuro, um salário insuficiente, legados historicamente discriminatórios e até as alterações climáticas são capazes de desencadear uma série de problemas como ansiedade, depressão ou esgotamento profissional (burnout).
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Tipos de transtornos mentais mais comuns

Transtornos mentais são condições que acometem o estado psicológico das pessoas e, a depender de sua complexidade, podem afetar a sua integridade física, as relações sociais e a convivência profissional. Os transtornos mentais mais comuns são:

  • Ansiedade: cerca de 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade patológica. O medo, a insegurança ou a incerteza são respostas normais e espontâneas do corpo diante do desconhecido. Todavia, se a taquicardia, a dificuldade para dormir e as oscilações de humor são recorrentes, a ansiedade deixa de ser uma reação natural e pode se transformar em um problema grave.
  • Depressão: um mapeamento da OMS também revelou que 11,7 milhões de brasileiros foram diagnosticados com depressão e classificou o nosso país com a maior prevalência da doença na América Latina. O distúrbio afetivo pode causar tristeza profunda, irritabilidade, desinteresse geral, pessimismo e interpretação distorcida da realidade.
  • Síndrome de burnout: também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, a síndrome de burnout é um transtorno mental decorrente da sobrecarga de atividades e do estresse contínuo no trabalho. Seus principais sintomas são a exaustão, sentimentos de fracasso e desesperança, insônia e dores musculares. O Brasil é o segundo país com mais casos diagnosticados no mundo: cerca de 30% dos profissionais brasileiros sofrem com a doença.

Afinal, o que é um programa de saúde mental?

Um programa de saúde mental é um conjunto de iniciativas para promover o bem-estar emocional das pessoas, além de prevenir, diagnosticar e tratar questões mentais.Segundo a Constituição Federal, é dever do Estado brasileiro prover condições de saúde (inclusive mental) para a sua população, e a lei 10.216 é o documento que estabelece as diretrizes nacionais e assegura direitos e proteção às pessoas com transtornos mentais.

Além do Governo Federal, as empresas também devem ser responsáveis pela qualidade de vida de seus colaboradores, pois é no trabalho que as pessoas costumam passar grande parte do tempo. É também no âmbito corporativo que muitos problemas, como a síndrome de burnout, o estresse crônico e a ansiedade patológica, podem surgir ou se agravar.

Como funciona um programa de saúde mental nas empresas?

À semelhança das ações propostas pelo Governo Federal para preservar a saúde mental das pessoas, as empresas também podem (e devem) investir na qualidade de vida de seus colaboradores, já que 95% dos profissionais afirmam que o bem-estar emocional afeta sua produtividade.

Um programa de saúde mental nas empresas não precisa obrigatoriamente consumir muitos recursos. Ao contrário, existem iniciativas de fácil implementação e baixo custo que você pode pôr em prática de imediato. Alguns exemplos são:

  1. Alfabetização em saúde mental

Muito se fala em saúde mental, mas pouca gente entende de fato quais são as causas dos transtornos de origem emocional e seus efeitos no corpo, na capacidade cognitiva e nas relações sociais.

Como área responsável pelo treinamento e capacitação, o RH pode atuar como mediador de palestras, em que especialistas no assunto transmitem, de forma didática, conceitos e medidas preventivas, além de ajudar os colaboradores a identificar sinais de que algo não está bom (consigo ou com os colegas).

  1. Campanhas educativas

Encorajar discussões positivas sobre o tema é uma atitude significativa para ajudar a acabar com estigmas e preconceitos associados às questões de saúde mental.

A exemplo do Janeiro Branco ou Setembro Amarelo, você pode definir um assunto por mês e explorar cada tópico, conscientizando as equipes sobre a importância do autocuidado ou de como reconhecer comportamentos indicativos de sofrimento psíquico e não subestimar a dor alheia.

  1. Estímulo à adoção de hábitos saudáveis

Mens sana in corpore sano, em tradução literal, quer dizer “mente sã em corpo são”. Datada da Antiguidade, a célebre frase ainda permanece válida e ressalta a necessidade da prática regular de atividades físicas como meio de preservar a saúde mental.

Você pode incentivar seus colaboradores a adotar hábitos saudáveis de diversas maneiras. Algumas sugestões são:

  • Instituir ações para a cessação do tabagismo
  • Promover campanhas de vacinação na empresa
  • Enfatizar os benefícios da realização de exames médicos periódicos
  • Estabelecer programas de nutrição e qualidade do sono
  • Reforçar a participação em sessões de ginástica laboral
  • Monitorar a postura, o mobiliário e os equipamentos, a fim de assegurar a ergonomia no trabalho

O Wellz by Wellhub comprovou, por meio de um estudo de caso, que o cuidado integrado (corpo e mente) é bastante eficaz na prevenção de transtornos mentais. A combinação de atividades físicas com investimentos no bem-estar emocional:

  • acelerou em quase 50% a melhoria dos resultados clínicos de saúde mental
  • reduziu em 48,2% os riscos alto/muito alto de ansiedade
  • diminuiu em 47,8% os riscos alto/muito alto de depressão

  1. Ter a ajuda de especialistas

Contar com a ajuda de especialistas em saúde mental, para que os colaboradores tenham acesso a uma rede de apoio psicológico, é uma ótima ideia.

Wellz é um programa corporativo de saúde mental que auxilia os colaboradores em sua jornada de autoconhecimento, por meio do acompanhamento terapêutico individual e personalizado. Além disso, as pessoas podem consultar conteúdos gratuitos e interativos sobre saúde integrada e conversar com especialistas à sua disposição no chat do aplicativo.

Oferecer um plano de descontos em medicamentos e vouchers para serviços de massagem, acupuntura ou quiropraxia são outras formas eficazes de cuidar do bem-estar emocional de seu time.

  1. Garantir a segurança psicológica

O local de trabalho pode ser um espaço de oportunidades tanto quanto de ameaças à saúde mental.

Um ambiente positivo favorece a cooperação, a produtividade, a motivação e o engajamento das equipes. Em contrapartida, a sobrecarga de atividades, o desrespeito à legislação trabalhista ou um clima organizacional ruim podem minar o bem-estar emocional dos colaboradores.

Promover um ambiente de trabalho psicologicamente seguro também faz parte das funções do time de RH e das lideranças da empresa. Alguns dos eventos ou circunstâncias propícios para a manifestação do estresse mais comuns, e que precisam ser eliminados no ambiente de trabalho são:

  • Assédio
  • Bullying
  • Disparidade salarial
  • Preconceito de gênero (sexismo)
  • Discriminação em razão da idade (etarismo)
  • Exclusão social com base na cor da pele (racismo)

  1. Valorização das pessoas

Um estudo apontou que 89% dos profissionais se queixam de estresse por falta de reconhecimento. Além do risco de perder talentos, privar os colaboradores de valorização compromete o seu desempenho, sua motivação e sua saúde.

reconhecimento no trabalho não significa, necessariamente, conceder uma promoção ou um aumento de salário. O dinheiro é importante, claro, mas existem outros incentivos intangíveis que têm efeito tão poderoso quanto um saldo bancário generoso. Inclusive, 93% dos profissionais consideram o bem-estar tão importante quanto o salário.

  1. Desenvolvimento de competências

Investir no aprendizado contínuo é uma excelente iniciativa para demonstrar sua preocupação e cuidado com as pessoas. A educação melhora a autoestima, permite que os colaboradores assumam novas responsabilidades e aumenta a sua empregabilidade.

Por meio de um plano de desenvolvimento individual (PDI), é possível traçar metas específicas para cada integrante do time, acompanhar seu progresso e adotar medidas corretivas em caso de desvios. Além de profissionais mais confiantes e qualificados, a sua empresa também ganha em termos de satisfação e engajamento.

As vantagens de implantar um programa de saúde mental na sua empresa

O cuidado com a saúde mental não precisa ser encarado como um custo extra para as organizações. Ao contrário, 97% das empresas brasileiras que medem o retorno sobre o investimento (ROI) de seus programas de bem-estar experimentam impacto positivo, seja na redução dos gastos com a assistência médica ou nas despesas atreladas às estratégias de atração e retenção de talentos.

Outras vantagens de implantar um programa de saúde mental na sua empresa são:

  1. Melhora na satisfação das equipes

Um estudo mostrou que profissionais felizes são 31% mais produtivos, 85% mais eficientes e 300% mais inovadores. 

Para complementar os dados acima, 98% dos líderes de RH dizem que a satisfação no trabalho aumentou após a implementação de um programa de bem-estar na empresa.

  1. Redução do absenteísmo

O mesmo relatório, o ROI do Bem-Estar 2023, mostrou que programas voltados à saúde física e mental dos colaboradores são capazes de reduzir em 25% a quantidade de atestados médicos.

Em outras palavras, pessoas saudáveis costumam faltar menos ao trabalho, e as empresas experimentam quedas nas taxas de absenteísmo.

  1. Diminuição na rotatividade de pessoal

Uma pesquisa apontou que 72% dos profissionais brasileiros não têm engajamento, e 51% desse total estão em busca de outro emprego. O estudo também afirma que existe uma relação direta entre a falta de comprometimento, o estresse e a ansiedade no trabalho.

Nesse sentido, reduzir a carga de atividades, capacitar as lideranças e implementar programas de apoio à saúde mental são medidas eficientes para evitar a rotatividade de pessoal (turnover).

  1. Incremento na estratégia de atração de talentos

Uma estratégia de atração de talentos efetiva não foca apenas em um bom salário e em benefícios competitivos. Pouco menos de 90% dos profissionais no mundo sairiam de uma empresa que não prioriza o bem-estar de suas equipes.

Oferecer um programa corporativo de saúde mental aos atuais e futuros colaboradores é uma vantagem competitiva e pode posicionar sua organização como diferenciada, inclusiva e inovadora no mercado de trabalho.

  1. Fortalecimento da marca empregadora

Em linha com a lógica acima, empresas que se preocupam com as pessoas e valorizam o seu time, costumam ser respeitadas e admiradas. Como consequência, a sua marca empregadora (ou employer branding) tende a se fortalecer.

O Wellhub constatou que 93% dos profissionais consideram o bem-estar tão importante quanto o salário. Sendo a marca empregadora a percepção que os colaboradores têm sobre o ambiente, a cultura, o propósito e os benefícios corporativos, um programa de saúde mental bem estruturado pode causar um impacto bastante positivo com a sua força de trabalho.

Ofereça uma solução de saúde mental efetiva para seus colaboradores

Embora 80% das lideranças acreditem no potencial de suas iniciativas de bem-estar, apenas um terço dos colaboradores concorda que sua empresa investe de maneira objetiva em sua saúde mental.

Além disso, 33% dos profissionais mundo afora classificam a esfera emocional como o aspecto mais importante dentre as oito dimensões do bem-estar.

Os números acima mostram que existe uma lacuna entre os esforços realizados pelas empresas e a realidade percebida pelos colaboradores. Além da adoção de um programa corporativo de saúde mental, você deve investir em sua divulgação, via comunicação interna, conteúdos interativos ou por meio de especialistas que acompanharão a jornada de cuidado com cada colaborador.

Para levar mais bem-estar físico e mental para seus colaboradores, conte com o Wellhub e o Wellz. Juntos, Wellz + Wellhub ajudam empresas a promover uma cultura saudável, aumentando o engajamento e a retenção de talentos. Se quiser saber mais sobre o Wellz, solicite uma demo com um de nossos consultores.

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Referências


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Time Editorial Wellz

O Time Editorial do Wellz une a nossa expertise clínica com uma visão estratégica do mercado para trazer sempre conteúdos atuais e relevantes sobre saúde mental. Ajudamos as lideranças de RH a mapear, analisar e traduzir tendências em ações práticas, para criar ambientes de trabalho cada vez mais seguros e produtivos.