Bem-estar para colaboradores é uma vantagem competitiva. Entenda como sua empresa pode se beneficiar.
Priorizar o bem-estar é fundamental para uma vida realmente gratificante. Autocuidado não é só uma recompensa pelo trabalho árduo, mas um elemento fundamental da felicidade e para o sucesso. A mentalidade de “arregaçar as mangas e ralar” pode até parecer produtiva, mas é bem pouco sustentável. Aliás, não é raro que leve à exaustão e ao burnout.
O melhor caminho para a produtividade é o do bem-estar. Felizmente, cada vez mais o mundo corporativo reconhece a conexão inegável entre bem-estar, produtividade, engajamento dos colaboradores e economia nas despesas de saúde. Estamos engatinhando rumo à harmonia entre a vida pessoal e a profissional, um estado prolífero em que as experiências pessoais e profissionais se amplificam.
Como Chief People Officer do Wellhub, sou testemunha da importância do bem-estar holístico tanto para as pessoas quanto para as empresas.
No Wellhub, o bem-estar dos colaboradores está lado a lado com os resultados da empresa na nossa lista de prioridades. Comprovamos que essa visão pode mudar a vida das pessoas (às vezes, literalmente). Vimos pessoas transformarem seu bem-estar mental através de atividades físicas, meditação e terapia. Também presenciamos o nascer de relações profissionais importantes através do esporte ou do trabalho voluntário. No meu caso, tenho conseguido controlar um problema crônico de saúde com alimentação e sono de qualidade, além de atividades físicas. Nossa cultura de bem-estar holístico trouxe um aumento significativo nos nossos níveis de engajamento e manteve o sucesso da empresa em situações desafiadoras no mercado.
A melhor parte? Qualquer empresa pode se beneficiar do impacto transformador do bem-estar dos colaboradores.
Décadas de pesquisa extensiva mostram que o bem-estar é a junção de oito dimensões centrais: ocupacional, físico, emocional, social, financeiro, intelectual, espiritual e ambiental. Não existe bem-estar se priorizarmos apenas um aspecto da vida, como a situação profissional ou o sucesso financeiro.
Por isso, o Wellhub conduziu uma análise minuciosa do bem-estar da força de trabalho mundial em todas as oito dimensões. O relatório deste estudo, o Panorama do Bem-Estar Corporativo 2024, traz revelações de uma amostra global de mais de 5 mil colaboradores. Com uma pesquisa que envolvia mais de 80 perguntas elaboradas cuidadosamente, avaliamos o bem-estar de maneira holística e, mais importante ainda, como ele afeta o desempenho profissional.
Confira alguns dos nossos principais achados e como você pode colocar esses insights em prática para melhorar os resultados da sua empresa.
Conclusão 1: Bem-estar não é negociável para os colaboradores
Qualquer empresa que deseje manter os colaboradores deve ter o bem-estar como um dos pilares da estratégia de talentos. Na pesquisa do ano passado, o resultado não foi diferente. O que ocorreu este ano é que a demanda por bem-estar está ainda mais alta.
O que descobrimos:
- 93% dos profissionais reconhecem a importância de priorizar o bem-estar, em comparação com os 83% do ano passado.
- A probabilidade de uma pessoa sair de uma empresa que não dá o devido valor ao bem-estar aumentou para 87%, contra os 77% do ano anterior.
- Na busca pelo próximo emprego, impressionantes 96% dos participantes da pesquisa afirmaram que levarão em conta apenas empresas que claramente colocam o bem-estar dos colaboradores no topo das prioridades.
Moral da história: priorizar o bem-estar dos colaboradores não é uma moda passageira, mas um fator crucial para atrair e reter os melhores talentos.
Conclusão 2: Bem-estar gera produtividade
A produtividade está atrelada a cada uma das dimensões do bem-estar: a maioria das pessoas que responderam à pesquisa afirma que sua produtividade no trabalho é afetada por cada uma delas.
O que descobrimos:
- O bem-estar emocional (95%) e o físico (93%) são as duas dimensões que mais afetam o desempenho profissional.
- Quando perguntamos qual dimensão do bem-estar é a mais importante, o bem-estar emocional foi o mais citado em todas as regiões e grupos demográficos, um dado que não pode passar despercebido pelas empresas.
Moral da história: as empresas podem elevar o desempenho se oferecerem apoio a todas as dimensões do bem-estar.
Conclusão 3: Trabalhar no local de sua preferência faz bem para a saúde
O melhor modelo de trabalho não é o presencial, o híbrido ou o remoto — é aquele no qual cada pessoa prefere trabalhar — seja de casa, do escritório ou em um cenário que combina os dois — as pessoas que trabalham como preferem relatam níveis de bem-estar mais altos do que as que gostariam de um modelo diferente do atual.
O que descobrimos:
- 90% das pessoas que trabalham no modelo de sua preferência estão satisfeitas com a empresa atual, contra 80% daqueles que trabalham em situação diferente da que gostariam.
- Os profissionais que trabalham no modelo que preferem relatam melhores níveis de bem-estar em todas as dimensões, como relações profissionais, menos estresse e menos dificuldade para dormir por conta do trabalho.
Dado que 37% dos participantes da pesquisa gostariam de trabalhar em um modelo diferente, é muito bem-estar não realizado.
Moral da história: oferecer flexibilidade para que os colaboradores trabalhem conforme suas necessidades potencializa tanto o bem-estar quanto o desempenho. Nos segmentos onde não existe essa possibilidade, como serviços e o setor fabril, as empresas ainda podem permitir certo nível de personalização com políticas mais flexíveis, como a opção de escolher em que dias folgar.
Conclusão 4: O bem-estar escala conforme o nível hierárquico
Quanto mais alto o cargo de uma pessoa dentro de uma empresa, mais alto o nível de bem-estar relatado na pesquisa: líderes relatam melhor bem-estar do que os gestores, que relatam melhor bem-estar do que as pessoas em cargos não gerenciais.
Por um lado, é ótimo ver que os líderes dão o exemplo do bem-estar. Promover o bem-estar pelo exemplo — como no caso da licença-paternidade do nosso CEO, Cesar Carvalho — é, comprovadamente, um dos principais elementos do sucesso da cultura de bem-estar do Wellhub.
Por outro lado, os líderes devem fazer mais do que apenas serem modelos de bem-estar. Eles devem viabilizar o bem-estar. Uma cultura que coloca o bem-estar em primeiro plano não pode derivar de um cenário em que a agenda dos líderes tem espaço para o autocuidado sem que eles ofereçam a mesma oportunidade para todos da empresa.
O que descobrimos:
- 81% dos líderes dizem que seu nível de bem-estar é ótimo ou excelente, em comparação com 62% das pessoas em cargos gerenciais e 53% das pessoas em outros níveis hierárquicos.
- 91% dos líderes afirmam que têm tempo para o autocuidado durante o expediente de trabalho, mas apenas 76% dos gestores e 66% dos não-gestores dizem o mesmo.
Tendo em vista que a maioria da força de trabalho é formada por pessoas em cargos não gerenciais, esses baixos níveis de bem-estar limitam o sucesso da empresa.
Moral da história: os líderes devem tomar cuidado para não confundirem seus próprios níveis de bem-estar com os do restante da força de trabalho que, provavelmente, precisa de mais apoio do que os líderes se dão conta.
Vidas melhores, resultados melhores
Esses achados inequívocos chegam em um momento em que as empresas apertam o orçamento em preparação para uma possível recessão (como já têm feito por alguns anos). Juntas, esses dados nos mostram que priorizar o bem-estar será uma das principais estratégias para enfrentar essas adversidades econômicas. Investir em programas de bem-estar não apenas acelera a aquisição de talentos e melhora as taxas de retenção, mas também alavanca a produtividade (e gera economia em saúde).
Qual empresa abriria mão de tamanha vantagem competitiva? Quanto antes os líderes extraírem o poder do bem-estar, melhor para todos. Deixemos para trás o lema do “trabalhar até cair” e adotemos a visão do real desempenho através do bem-estar. O futuro do trabalho depende disso.
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Livia Martini é Chief People Officer do Wellhub. Está na empresa desde 2017, onde começou como Head of International Operations. Em seu atual cargo como CPO, ela está à frente de uma equipe global de mais de 1.800 colaboradores em 11 países, e conta com sua vasta experiência em gestão de pessoas e operações financeiras. Sempre foi apaixonada por tênis e, mais recentemente, descobriu a corrida e o ciclismo.