Do microgerenciamento a uma autêntica liderança
Líderes altamente comprometidos podem impulsionar uma empresa em direção ao sucesso. Mas há um estilo de condução que pode atrapalhar esse percurso: o microgerenciamento. Mesmo com um grande foco em resultados, essa pode ser uma forma ineficaz (e muito estressante) de gerenciar uma equipe. Afinal, liderar não é sinônimo de exercer controle a cada passo dado pela equipe.
Quer evitar que isso aconteça ou reverter esse tipo de situação em sua empresa? Saiba mais sobre os sinais de microgerenciamento e como é possível incentivar a autêntica liderança.
O que é microgerenciamento?
Microgerenciamento é uma forma de gestão marcada por um controle exagerado e detalhista das atividades. Essa prática, além de gerar um ambiente de trabalho desmotivador e às vezes tóxico, pode impactar negativamente a produtividade e o desenvolvimento profissional dos colaboradores.
Muitas vezes, isso acontece com pessoas que chegam a uma posição de liderança ou gestores com ótimas intenções. Só que a intensidade ao supervisionar a equipe e crenças como “se quiser algo bem feito, faça você mesmo” passam longe das qualidades de um bom gestor e podem desencadear dinâmicas tóxicas no ambiente de trabalho.
Sinais de microgestão
Líderes que fazem microgerenciamento tendem a manter um alto nível de exigência em todas as etapas do fluxo de trabalho. Isso adiciona novas camadas de complexidade até nas atividades mais simples e corriqueiras, fazendo com que os colaboradores se sintam constantemente pressionados. Esse tipo de atuação pode se tornar evidente nos seguintes pontos:
- Dificuldade em delegar, marcada por um contínuo envolvimento no trabalho sob responsabilidade de outras pessoas.
- Exigência de atualizações, com possíveis pausas no que os colaboradores estiverem fazendo para reportar detalhes ou alterar determinados processos.
- Fixação em detalhes, com correções preferenciais do que for executado/entregue pelos colaboradores.
- Insatisfação com os resultados, principalmente quando a equipe age com autonomia.
- Monitoramento constante, para controle de horários, atividades e comunicações (ao exigir sua inclusão nos e-mails trocados entre a equipe, por exemplo).
A rotatividade da equipe também é um alerta de que isso pode estar acontecendo com um gestor. Para 73% dos profissionais entrevistados em um estudo recente, o microgerenciamento é o sinal número um de gestão tóxica no ambiente de trabalho — e 46% revelam ter saído de um emprego por isso.
A importância de evitar o microgerenciamento
Às vezes, é preciso acompanhar mais de perto a integração de novos colaboradores ou dar atenção extra ao trabalho da equipe em momentos de crise. Mas é importante evitar que o microgerenciamento se estabeleça no dia a dia. Afinal, isso pode ter consequências como:
Riscos à saúde ocupacional
O microgerenciamento é um dos fatores de risco da Síndrome de Burnout, inclusive para quem lidera uma equipe dessa maneira. Gestores “de primeira viagem” podem agir assim por se sentirem inseguros com a mudança de papel — um estudo da Harvard Business Review aponta que 65% associam isso ao esgotamento no trabalho. Além disso, uma liderança ultra controladora pode abalar a saúde e o bem-estar de todos ao gerar estresse ocupacional, que afeta o sono de 60% dos profissionais hoje em dia.
Menos engajamento e produtividade
Gestores são responsáveis por 70% das variações nos níveis de engajamento da força de trabalho e colaboradores engajados podem ser até 78% mais produtivos. Mas a tentativa de controlar cada detalhe do trabalho expressa falta de confiança na capacidade da equipe, fazendo com que as pessoas se sintam desvalorizadas profissionalmente. Assim, a microgestão pode limitar a autonomia, a criatividade e a motivação dos colaboradores, impactando os níveis de engajamento e produtividade na empresa.
Prejuízos para a empresa
Estresse e clima de desconfiança no ambiente de trabalho são fatores prejudiciais para a employee experience, a marca empregadora e as finanças da empresa. Isso representa um desperdício de valores investidos no processo de atração de talentos, por exemplo, à medida que novos colaboradores podem se sentir pouco à vontade para exercerem plenamente as suas funções. Além do mais, o microgerenciamento dificulta a retenção de talentos e pode estar por trás de um aumento da rotatividade de pessoal (voluntária ou involuntária).
Como incentivar uma gestão engajadora em vez do microgerenciamento
Fatores como perfeccionismo, falta de planejamento estratégico e insegurança diante de mudanças podem estar entre as causas do microgerenciamento. Mas também é possível haver um lado positivo na situação, já que isso geralmente se manifesta em profissionais altamente comprometidos a dar o melhor de si para a empresa.
Estas são as principais estratégias de Recursos Humanos para evitar o microgerenciamento e aprimorar a conduta das pessoas em cargos de gestão:
- Conscientização. É importante abordar os impactos negativos da microgestão nos processos de desenvolvimento de lideranças e orientação para atuais gestores.
- Alinhamento de expectativas. Trabalhar com métricas pode ser uma boa tática para evitar o acompanhamento constante e intrusivo do trabalho da equipe.
- Feedbackconstrutivo. Em uma conversa franca sobre hábitos que podem se tornar tóxicos e estratégias para delegar trabalho e orientar a equipe com eficiência, vale a pena mencionar a lei do esforço invertido (que explica por que as pessoas começam a se sair mal quando exageram na tentativa de fazer o melhor).
- Suporte. Com canais de comunicação abertos para todos, é possível apoiar colaboradores e gestores sempre que for necessário.
- Cultura organizacional. Empresas que priorizam o bem-estar dos colaboradores tendem a desenvolver um ambiente de trabalho saudável, onde o microgerenciamento perde espaço para a autêntica liderança.
Engajamento e bem-estar: a chave para a alta performance
Iniciativas para melhorar a experiência dos colaboradores são um ótimo exemplo de gestão engajadora. Procure criar um ambiente de trabalho positivo e acolhedor, onde cada pessoa se sinta valorizada e motivada a dar o seu melhor, evitando o microgerenciamento.
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Referências
- REDAÇÃO. Liderança tóxica: três sinais de que seu chefe pratica microgerenciamento. Revista PEGN, 2023. Disponível em: https://revistapegn.globo.com/gestao-de-pessoas/noticia/2023/08/lideranca-toxica-tres-sinais-de-que-seu-chefe-pratica-microgerenciamento.ghtml. Acesso em 08 de dezembro de 2024.
- WILES, Jackie. Você microgerencia trabalhadores remotos? Assuma a responsabilidade e tome as devidas providências. Gartner, 2022. Disponível em: https://www.gartner.com.br/pt-br/artigos/voce-microgerencia-trabalhadores-remotos-assuma-responsabilidade-depois-tome-as-devidas-providencias. Acesso em 08 de dezembro de 2024.
- LAKER, PEREIRA, MALIK e MARIANI. O que os gerentes principiantes podem fazer para gerir o Burnout. Harvard Business Review, 2022. Disponível em: https://hbr.org/2022/03/what-first-time-managers-can-do-to-manage-burnout. Acesso em 08 de dezembro de 2024.
- NOR, Bárbara. O que significa liderança e qual sua importância para os negócios. Think Work Lab, 2022. Disponível em: https://thinkworklab.com/guias/o-que-e-lideranca. Acesso em 08 de dezembro de 2024.
- REDAÇÃO. Produtividade em alta: Engajamento dos funcionários eleva lucros em até 78%. Mundo RH, 2023. Disponível em: https://www.mundorh.com.br/produtividade-em-alta-engajamento-dos-funcionarios-eleva-lucros-em-ate-78. Acesso em 08 de dezembro de 2024.
- VENTURA, Dalila. Lei do Esforço Inverso: por que às vezes fracassamos quando nos esforçamos demais? BBC News Brasil, 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c3g2996p2mjo. Acesso em 08 de dezembro de 2024.
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