Atividades físicas ajudam no equilíbrio psicológico dos trabalhadores
Realizar exercícios físicos ajuda desde no bom funcionamento de órgãos vitais até no controle de doenças crônicas. Agora, estudos recentes ligam as atividades corporais também à melhora no bem-estar psicológico das pessoas.
Uma pesquisa realizada com mais de 1,2 milhão de adultos americanos, acompanhados por quatro anos, revelou que aqueles que praticaram alguma atividade durante esse período reportaram por mês 43% menos de “dias mentalmente ruins”, quando comparados ao grupo que permaneceu sedentário.
Muitas vezes, com o estresse do dia a dia essa sensação de “dias ruins” evolui para quadros mais graves, como depressão, ansiedade e burnout, entre outros distúrbios. No extremo, pode levar ao suicídio. Por isso, neste mês acontece a campanha do Setembro Amarelo, quando diversas instituições, entre elas a Organização Mundial da Saúde (OMS), alertam para a necessidade de se falar sobre a saúde mental e o risco de se tirar a própria vida.
Não só nessa época, mas ao longo de todo o ano vale o profissional de recursos humanos abordar o tema em sua comunicação, aconselhando a atividade física como uma forma simples e prazerosa de manter o equilíbrio mental e emocional.
A relação do bem-estar físico com o mental
Uma análise do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, baseada em 87 estudos sobre a relação do exercício físico com a saúde mental e as alterações no humor, mostra que os benefícios do esporte para a mente advêm proeminentemente de seus efeitos psicológicos e químicos. Conheça a seguir algumas explicações:
Clube da amizade
Segundo o artigo, exercícios podem ser vistos como uma forma de a pessoa se distrair de um ambiente ou de uma situação desgastante, tensa ou desagradável – já que, por um tempo determinado, ela precisa dedicar toda a atenção à execução da atividade em si, esquecendo os problemas. Isso contribui, por exemplo, para a redução do estresse e das preocupações do cotidiano.
Além disso, o esporte pode ser encarado como um desafio ou uma superação. Caso seja praticado com frequência, pode trazer a sensação de conquista, melhorar o humor, a autoconfiança e a autoestima, apenas para citar algumas vantagens.
De acordo com os pesquisadores do HC, a atividade física ainda permite que o indivíduo crie e cultive um nicho social. É uma maneira de unir pessoas, muitas vezes com experiências, rotinas e vidas completamente diferentes, mas que possuem algo em comum – o gosto por uma modalidade esportiva. Da vontade de se exercitar, surge também a oportunidade de fazer amigos. E esse convívio social é um dos elementos mais importantes para a saúde mental.
Equilíbrio químico
Variadas pesquisas indicam que a endorfina (substância liberada pelo cérebro durante qualquer tipo de atividade) é protagonista no aprimoramento da memória, do foco e da concentração. Considerada o hormônio do prazer, ela está associada à melhora no humor, à sensação de bem-estar e de euforia. A dopamina, outro hormônio ativado com a movimentação, também merece destaque na saúde mental, uma vez que é responsável pelo efeito analgésico e tranquilizante.
No estudo do HC, os pesquisadores reforçam o papel da atividade física em aumentar e harmonizar as sinapses (os impulsos nervosos) e as monoaminas (como serotonina, noradrenalina e a própria dopamina). Como substâncias neurotransmissoras, na prática, elas mantêm o equilíbrio biológico – e quando desreguladas podem conduzir a um quadro de depressão.
Logo, um funcionário que pratica esporte pode não só enxergar o exercício como uma válvula de escape para as pressões da vida moderna, mas também o associar a momentos prazerosos, gerados pelo equilíbrio químico do corpo. Isso reflete no trabalho, com o aumento da produtividade, da motivação e, consequentemente, do engajamento com a empresa.
Movimento psicológico
Surgem cada vez mais evidências que associam o exercício à melhora de enfermidades psicológicas. Um levantamento da Escola de Medicina da Universidade de Boston, dos Estados Unidos, realizado com 30 pessoas, mostrou que pacientes com depressão, que foram convidados a fazer uma caminhada de 20 a 40 minutos, três vezes por semana, durante seis semanas, apresentaram uma maior redução dos sintomas, quando comparados a participantes sedentários ou que só receberam auxílio social e psicológico.
O esporte tem se mostrado tanto um remédio para promover a saúde mental, como também contribuído para a prevenção desse tipo desse tipo de problema. Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul comprovou que o exercício físico acelera a regeneração de neurônios e, por isso, ajudaria a evitar a depressão.
Corpo em movimento, mente saudável
Uma vez comprovados os benefícios do esporte para a saúde mental dos trabalhadores, os profissionais de recursos humanos ganham argumentos para estruturar políticas e práticas que motivem os funcionários a se exercitar.
A companhia pode oferecer, por exemplo, desde um benefício de atividades físicas ou descontos em alguns estabelecimentos, ou até mesmo construir uma academia internamente. Cada modelo apresenta vantagens e desvantagens que precisam ser consideradas antes de o HR bater o martelo.
Mas, além de facilitar o acesso ao exercício físico, a área de gestão de pessoas precisa pensar em ações que conscientizem os trabalhadores sobre esse bem-estar.
Aqui vão cinco dicas para o RH:
- Criar grupos de atividade física. Estruturar equipes de diferentes atividades, como corrida, caminhada, bike, dança ou trilha, e promover encontros, reuniões e eventos relacionados é uma forma de impulsionar o engajamento do pessoal. Exercícios praticados coletivamente em geral unem as pessoas e permitem que se estabeleçam vínculos, algo positivo para o clima organizacional.
- Investir na comunicação. Uma das formas eficazes de educar os funcionários em relação aos cuidados com o equilíbrio emocional é por meio da comunicação. Divulgar com frequência dados oficiais de organizações como a OMS; publicar nos canais corporativos conteúdos sobre a associação entre a atividade física e o bem-estar mental; organizar eventos e palestras sobre qualidade de vida; desenvolver campanhas; e incentivar rodas de conversa sobre o tema são algumas opções que o RH pode explorar para atrair a atenção de funcionários sobre o tema.
- Treinar os líderes. Gestores que compreendem as doenças emocionais não só coordenam melhor suas equipes, permitindo que elas se desenvolvam e contribuam para o sucesso da empresa, como também sabem lidar com profissionalismo e sensibilidade os problemas de cunho mental que eventualmente seus subordinados possam apresentar. Para isso, o RH precisa promover treinamentos sobre gestão de pessoas e saúde mental, além de colocar os líderes em contato com profissionais de saúde para que aprendam sobre os diversos quadros de doenças psicológicas e saibam orientar quanto às melhores atitudes a serem tomadas em momentos de crise.
- Incentivar a descoberta de prazer no exercício. Acima de tudo, e especialmente se tratando de bem-estar mental, a atividade física precisa ser prazerosa. Ela não deve trazer a sensação de obrigação, mesmo que seja de extrema importância para saúde. O profissional de RH pode motivar o funcionário a encontrar uma modalidade que realmente goste – mudando a mentalidade de “horas gastas” com exercício para “horas ganhas” com diversão e relaxamento. Comunicação, conversas informais, palestras ou “aulões” de uma modalidade são iniciativas que podem reforçar essa visão.
- Dar apoio psicológico. É comum as pessoas não se sentirem à vontade para falar sobre problemas pessoais com chefes e colegas de trabalho. Neste contexto, pode ser útil um canal anônimo no qual os funcionários possam ligar para pedir ajuda ou receber orientação. Outra alternativa é facilitar o apoio psicológico por meio de convênios de saúde ou associações específicas da área. Quanto mais a corporação demonstrar que se importa com o equilíbrio mental e emocional de seu time, mais os profissionais se sentirão confortáveis em falar sobre suas questões, criando uma maior conexão com a empresa.
A ciência traz continuamente à tona evidências de que o exercício é um aliado fundamental para o equilíbrio da mente e que pode auxiliar tanto na prevenção quanto na melhora de quadros como ansiedade, depressão e estresse. Cabe ao RH, como guardião do bem-estar dos funcionários, usar a ciência a seu favor e incentivar as práticas por uma melhor qualidade de vida.
O retorno é certo, tanto para os empregados, conquistando mais saúde e bem estar, quanto para a companhia, melhorando a produtividade, controlando os gastos e alcançando os resultados.
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