Saiba como implementar o Big Five nos processos seletivos
Na hora de contratar novos colaboradores, não são apenas a formação e as habilidades técnicas que importam. Também é importante considerar os traços de personalidade de cada candidato, o que pode ser difícil conhecer por meio do currículo. É aqui que entram testes como o Big Five.
Essa é uma ferramenta muito útil para empresas organizarem melhor suas equipes, sendo possível contratar novos profissionais e realocar os colaboradores considerando o perfil que eles apresentam. Trata-se de um teste estratégico para otimizar os processos seletivos no setor de Recursos Humanos.
Sendo assim, o Big Five é algo que pode fazer muita diferença na sua empresa também. Veja mais sobre o assunto, entenda ao certo o que é big five, os traços de personalidade que ele apresenta e os benefícios de usar essa ferramenta.
O que é o modelo Big Five?
O termo Big Five refere-se a um modelo amplamente reconhecido e utilizado na psicologia, que descreve os cinco grandes traços de personalidade humana. No mundo do RH, esses traços são frequentemente usados em processos de recrutamento, seleção, desenvolvimento e gestão de talentos, ajudando a compreender como as características de personalidade podem influenciar o comportamento no ambiente de trabalho.
Também conhecido como modelo de cinco grandes fatores (ou Five Factor Model), a metodologia foi desenvolvida por diferentes profissionais, em especial o psicólogo William McDougall, que, em 1930, sugeriu que seria possível entender a personalidade de uma população por meio da linguagem dela seguindo a hipótese lexical.
Hoje, o Big Five é um grande aliado na hora de avaliar diferentes características humanas, permitindo compreender como cada pessoa pensa, o que ela sente e a maneira como reage diante de situações variadas.
O Big Five afirma que é possível reduzir a personalidade humana a cinco fatores globais de personalidade - mas a metodologia não coloca as pessoas em extremos. Ela não estabelece que alguém é introvertido ou extrovertido, por exemplo. Na verdade, apresenta um espectro mostrando que cada pessoa tem diferentes traços de personalidade de uma forma mais ou menos intensa.
Por que o Big Five é importante para o RH?
O modelo Big Five é amplamente utilizado em ferramentas de avaliação de personalidade, ajudando a alinhar as características pessoais dos colaboradores às necessidades da organização.
Além disso, sua aplicação pode melhorar os processos de contratação e contribuir para o desenvolvimento de equipes mais produtivas. Profissionais de RH podem usar o Big Five como base para promover uma gestão de pessoas mais estratégica e alinhada às competências comportamentais necessárias em cada posição.
Com isso, também é possível melhorar a satisfação no trabalho. Afinal, o profissional será designado para cargos com os quais se identifica e terá maior realização. Sendo assim, o Big Five é, ainda, uma ferramenta que auxilia na promoção do bem-estar no ambiente de trabalho.
Quais são os traços de personalidade do modelo Big Five?
Você viu que a teoria Big Five afirma que existem cinco fatores principais na personalidade humana. Juntos, os fatores formam a sigla OCEAN. Veja a seguir a lógica.
- Letra O - openness to experience: Trata-se da abertura à experiência, considerando se a pessoa prefere rotina, se ela é espontânea, prática vs. imaginativa, e assim por diante.
- Letra C - conscientiousness: A conscienciosidade é o que indica se o indivíduo é disciplinado ou desorganizado, cuidadoso, impulsivo, entre outros.
- Letra E - extraversion: Trata-se do nível de extroversão, que mostra se a pessoa é amante da diversão, reservada, atenciosa ou sociável, entre outros.
- Letra A - agreeableness: É o traço da agradabilidade, que permite avaliar se a pessoa tenta ser útil, se ela é suspeita, se não é cooperativa, confiante, e assim por diante.
- Letra N - neuroticism: O neuroticismo vai avaliar o pessimismo vs. a calma, se a pessoa é confiante e ansiosa, por exemplo.
Veja cada um dos cinco fatores que compõem o Big Five no detalhe:
- Abertura à experiência
Pelo nome você já deve imaginar o que significa. Esse é o traço de personalidade que mostra o interesse que a pessoa tem por vivenciar novas emoções. Ou seja, se ela se interessa por aventuras, artes, pela imaginação, pelas ideias comuns, entre outros.
Quando uma pessoa tem esse traço como dominante, ela costuma levar em conta os seus próprios sentimentos, foge ao tradicionalismo e tem opiniões pouco convencionais. Pessoas com alta abertura à experiência tendem a se destacar em funções que exigem inovação e flexibilidade.
- Conscienciosidade
Em geral, esse é um traço de personalidade que influencia no modo como as pessoas lidam com os próprios impulsos. Aqueles que têm maior dominância da conscienciosidade costumam ser mais rígidos em relação à quebra de valores e de regras.
São pessoas que preferem o que é planejado em vez da espontaneidade. Logo, apresentam mais autodisciplina, são focados em objetivos, orientados para os deveres, costumam ser ambiciosos e excelentes em papéis que exigem atenção a detalhes.
- Extroversão
Esse traço de personalidade é marcado pela tendência à busca por novos estímulos e pela predominância de emoções positivas. Indivíduos que apresentam a dominância desse traço procuram pela companhia dos outros e se envolvem de uma forma profunda com o mundo exterior.
São pessoas cheias de energia, que gostam de agir e são grandes entusiastas. Também apresentam uma personalidade mais animada e sociável. Gostam muito da diversão e do relacionamento com novas pessoas, e tendem a se destacar em funções que demandam interação com outras pessoas, como vendas e liderança.
- Amabilidade
Esse traço também pode ser chamado simplesmente de simpatia. Consiste na tendência que a pessoa tem de ser cooperativa e compassiva. Existe a preocupação com a harmonia social e a valorização da boa relação com os demais.
Por isso, quem tem esse traço de personalidade em um nível mais elevado costuma ser generoso, prestativo, amigável, comprometido e respeitoso. Tem uma visão otimista em relação à natureza humana e acredita da decência, na confiança e na honestidade, podendo promover um ambiente de trabalho harmonioso.
- Neuroticismo
As emoções negativas também são consideradas no Big Five, e o neuroticismo representa justamente a tendência do indivíduo a viver experiências como essa. Então, aqui é considerada a possibilidade de momentos de ansiedade, raiva ou depressão.
Geralmente, o neuroticismo é associado à instabilidade emocional. Quem tem um nível elevado desse traço apresenta propensão para se sentir ameaçado por situações e vivenciar pequenas frustrações. São mais ansiosos, vulneráveis ao estresse e emocionalmente reativos. Por outro lado, baixos níveis de neuroticismo estão associados à resiliência e à capacidade de lidar bem com o estresse.
Quais os benefícios de usar o Big Five para melhorar o fit cultural da empresa?
Um dos grandes desafios do setor de RH é encontrar candidatos que estejam alinhados com a oportunidade em aberto, além de apresentarem fit cultural com a organização, combinando com a missão, a visão e os valores da empresa para manter o equilíbrio e a harmonia das equipes.
O Big Five vem como um grande aliado nesse momento. Utilizar essa metodologia pode trazer uma série de benefícios que permitem melhorar cada vez mais o fit cultural da organização. Confira a seguir por quê.
Contratação mais assertiva
Imagine uma startup de tecnologia que está em busca de novos talentos para ampliar sua equipe. É uma empresa jovem, que preza pela inovação, que não tem medo de encarar desafios e que surgiu no mercado para romper padrões.
Por essa descrição, fica fácil perceber que os colaboradores que vão entrar nessa startup precisam ser pessoas criativas, determinadas, ousadas e ambiciosas. É isso que vai garantir o alinhamento da equipe ao fit cultural do negócio. Afinal, as vagas podem não combinar com profissionais mais conservadores e reservados.
Porém, nem sempre é possível perceber a personalidade de uma pessoa apenas através do seu currículo. O ideal é fazer o teste do Big Five para ter uma análise precisa, possibilitando a contratação de talentos alinhados àquilo que a empresa precisa. Ao mesmo tempo, permite realocar os colaboradores que já foram contratados, de modo que ocupem cargos que estão de acordo com o seu perfil.
Melhor retenção de talentos
Um dos motivos para os profissionais deixarem seus empregos é a insatisfação com o cargo que ocupam. Quando o RH não realiza um bom trabalho de seleção, existe o risco de contratar quem não tem o perfil ideal para uma determinada vaga.
Agora, você já sabe que é possível utilizar o teste de Big Five para organizar as equipes. É nesse momento que a empresa consegue aproveitar da melhor forma o potencial dos seus próprios colaboradores.
Esse modelo possibilita compreender quem são essas pessoas para que elas sejam direcionadas para funções em que se encaixem. Com isso, o colaborador fica satisfeito com o trabalho que está realizando, e a empresa, com as entregas e engajamento dos profissionais, resultando em maiores taxas de retenção.
Melhoria no desempenho
Outro benefício do modelo Big Five é a melhoria no desenvolvimento dos profissionais. Afinal, a empresa alcança melhores resultados de um modo geral em função da maior eficiência que as equipes passam a ter.
Quando o profissional realiza funções alinhadas com seu perfil e personalidade, as chances de que ele se saia muito melhor no trabalho são maiores. Isso acontece tanto em função das habilidades que o profissional tem, quanto pelo interesse pelo que está fazendo e pela empresa em que trabalha.
Uma pessoa que se sente satisfeita no trabalho tende a executar com maior qualidade, com motivação e sem procrastinar. Logo, a produtividade aumenta.
Clima organizacional positivo
Se os colaboradores estão satisfeitos com as funções que executam e com o cargo que ocupam, isso pode ter uma forte influência em seu humor. No geral, serão pessoas mais bem dispostas, amigáveis e abertas ao diálogo, uma vez que o nível de estresse e insatisfação reduz.
Dessa forma, o clima organizacional é influenciado de maneira positiva. Há um melhor relacionamento entre os membros da equipe e maior colaboração. É possível reduzir atritos e a competição excessiva entre aqueles que querem disputar o mesmo espaço, uma vez que cada um está no lugar em que melhor se encaixa.
Como avaliar os traços de personalidade do modelo Big Five nos processos seletivos?
Não tem como negar que o modelo Big Five pode ser o seu grande aliado na hora de gerenciar pessoas. Mas como colocar tudo isso em prática? O que é preciso para avaliar os talentos utilizando essa metodologia e tornar os processos seletivos mais eficientes?
- Aplique testes de personalidade validados
A confiabilidade dos resultados é um aspecto fundamental para a implementação eficiente do modelo Big Five. Sendo assim, é muito importante ter atenção e cuidado com as técnicas que são utilizadas para fazer a avaliação dos traços de personalidade.
Procure realizar uma boa pesquisa, antes de tudo, para escolher testes validados, aqueles que fazem uma avaliação completa e realizam uma análise precisa, apresentando informações em que você pode confiar para basear suas decisões.
- Faça entrevistas estruturadas com perguntas comportamentais
Uma vez que a intenção é conhecer a personalidade da pessoa, o roteiro das entrevistas também precisa ter esse foco. O ideal é se organizar para conduzir essa conversa de uma forma estratégica, para extrair com exatidão as informações que você deseja.
Então, quando for planejar uma entrevista, procure incluir perguntas comportamentais também, como, por exemplo:
- Como a pessoa lida com a pressão
- De que maneira encara os erros
- Quais são as atitudes para resolver conflitos no trabalho
- Como aprende novas habilidades
- O que faz para se adaptar a novas situações.
- Observe a consistência nas respostas
Tenha um olhar analítico para observar a consistência das respostas dos candidatos. Procure perceber se existe segurança nas respostas, firmeza em seu tom de voz e se há coerência no discurso.
Uma estratégia válida é fazer perguntas similares ou que levam às mesmas respostas e analisar se a pessoa mantém a postura e opinião em ambas as situações. Isso também possibilita verificar se ela está falando a verdade ou tentando simular algo durante a entrevista.
Big Five e o bem-estar dos colaboradores
Ao adotar o modelo Big Five, as empresas podem alinhar melhor o perfil de seus colaboradores às necessidades organizacionais, promovendo contratações mais assertivas, retenção de talentos e um clima organizacional positivo. E o impacto dessa ferramenta pode ir além da seleção e gestão de pessoas: ele também está relacionado ao bem-estar dos colaboradores.
Isso porque o Big Five permite identificar não apenas as competências e características mais alinhadas às funções específicas, mas também oferece insights valiosos sobre como cada colaborador lida com o ambiente de trabalho, o que pode influenciar diretamente sua saúde mental e emocional. Colaboradores com altos níveis de neuroticismo podem ser mais suscetíveis ao estresse, e entender isso possibilita que a empresa adote medidas preventivas, como programas de apoio psicológico e práticas para reduzir a sobrecarga emocional. Já aqueles com elevada conscienciosidade podem se beneficiar de metas claras e ambientes organizados, aumentando sua satisfação no trabalho e reduzindo o risco de burnout.
Por meio de soluções personalizadas, o Wellhub ajuda empresas a cuidar da saúde e do bem-estar integral de seus colaboradores, criando ambientes de trabalho mais saudáveis. Combinando a ciência comportamental do Big Five com iniciativas de bem-estar oferecidas pelo Wellhub, é possível implementar estratégias que cuidam não apenas da produtividade, mas também da saúde física e emocional dos seus times.
Entre em contato com um dos nossos especialistas e veja como o Wellhub pode ajudar você e suas pessoas nessa jornada.
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